Na apresentação do seu projeto Anti-Volume, Lucas Paris submergiu a blackbox do Gnration num fluxo de ondas sonoras e luminosas.

Na passada sexta feira, o artista francês Lucas Paris demonstrou como cada vez mais a música e a imagem se misturam no panorama artístico atual. O concerto inseriu-se na programação do Binário – Ciclo de Performance Audiovisual, organizado pelo Gnration. Do centro da blackbox, e rodeado de um complexo sistema sonoro e de quatro telas de LEDs, o artista fundiu o som e a imagem com o próprio ambiente da sala de Braga, num espetáculo desafiante e inovador, que mistura a música ambiente com a eletrónica e que alia o mundo tecnológico à improvisação humana.

Lucas Paris

Giovana Pergentino/ComUM

Usando as cada vez mais entusiasmantes possibilidades da tecnologia, Lucas Paris utiliza sintetizadores modulares, em associação com software de imagem feito pelo próprio, para criar uma simbiose entre aquilo que o público ouve e aquilo que vê. Foi assim que, durante uma hora de improvisação, o artista deixou numa blackbox completamente mergulhada em fumo, uma peça única e irrepetível. Para além da amplitude musical, influenciada pelo IDM e pela música ambiente, e do jogo de luz, criado pelos LEDs e pelo nevoeiro iluminado, sobrou apenas espaço para a curiosidade de uma plateia que rodeou o artista.

Em entrevista ao Comum, e em relação à originalidade do seu projeto, Lucas Paris revelou que tenta sempre construir os seus instrumentos para criar uma cenografia interessante, e de modo a que os instrumentos façam sentido dentro da mesma, para que possa ser expressivo.
Questionado sobre a possibilidade de a sua música pertencer ao futuro, o artista explicou que ela é já o presente. “Muitos grandes artistas já têm montagens incríveis no palco… uma das influências que tive foram os Nine Inch Nails, que têm atuações muito interessantes. Mas o que é novo é que alguém menos conhecido consiga fazer isto com um investimento muito menor”, rematou Lucas Paris.