O 1º Encontro de Ciberjornalismo Académico foi organizado pelo Observatório de Ciberjornalismo (ObCiber) e pelo JornalismoPortoNet (JPN).

O evento contou com a participação de vários profissionais e investigadores da área da comunicação que debateram as influências e os desafios do meio digital. O encontro dedicado aos projetos académicos de ciberjornalismo decorreu na Faculdade de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto, na passada sexta-feira, no ano em que se comemora o 15º aniversário do JPN.

O debate “Como melhorar o ciberjornalismo académico feito em Portugal?” contou com várias figuras de destaque no campo. Na conversa foram identificados como desafios os momentos durante o ano em que os exames e os trabalhos do curso afetam a participação dos estudantes, bem como a rotação que resulta da saída de redatores por acabarem os cursos. Por outro lado, alguns envolvidos no painel enalteceram o espaço de reflexão e de experimentação dos jornais online.

No que toca a soluções, Margarida David Cardoso (ex-JUP e JPN) considerou que “tem que haver uma mudança cultural nos cursos de jornalismo de que é ali que se aprende, que se falha, que se experimenta e não basta tirar boas notas nas aulas”. A seu ver, os estudantes deviam ser mais interessados e ativos na prática do jornalismo fora das aulas. Rui Barros (ex-ComUM) acrescentou que os estudantes poderiam proceder a um desenvolvimento e experimentação das ferramentas tecnológicas utilizadas, com partilha em open source do seu trabalho.

O encontro promoveu a conferência “Losing Innocence and Finding Justice in the Age of the Internet” de Anne Driscoll, repórter do Schuster Institute for Investigative Journalism, sediado nos Estados Unidos da América.

“A Internet tem tido um papel preponderante para corrigir condenações erradas”, afirmou a jornalista, pois o espaço digital e as redes sociais ajudam a trazer notoriedade aos casos. Contudo, em resposta a uma pergunta da audiência, reconheceu que a Internet e os media podem ter o efeito oposto de promover a condenação de pessoas inocentes. “O que é particularmente vulnerável acerca das redes sociais é que são imediatas. Não há tempo para investigar e interrogar e é muito fácil ser-se levado na corrente de opinião pública”.

Durante o dia, também decorreu uma apresentação sobre o projeto Repórteres em Construção, uma conversa da equipa fundadora do JPN sobre os seus 15 anos e um painel sobre a relação do ciberjornalismo académico com o jornalismo de proximidade. “O balanço é positivo desde logo pelo conjunto de pessoas que aqui se juntaram, nomeadamente estudantes e pessoas ligadas a projetos de meios académicos”, realçou Pedro Jerónimo, investigador académico da Universidade da Beira Interior e um dos organizadores do evento, em declarações ao ComUM.

O próximo Encontro de Ciberjornalismo Académico será realizado em 2020 na Universidade da Beira Interior, da Covilhã, em comemoração dos 20 anos do jornal Urbi et Orbi.