A ADEGE fez, no ano passado, 25 anos de existência e, durante estas duas décadas e meia, a Associação procurou defender os interesses dos estudantes de Gestão. Os anos passam, os problemas mudam e nós continuamos a trabalhar para representar os alunos e promover o potencial dos mesmos.

A licenciatura em Gestão é conhecida pela sua aprendizagem multifacetada. A gestão abrange várias áreas de conhecimento, como a Logística, o Marketing, a Contabilidade, a Gestão de Recursos Humanos e as Finanças, acabando por nos dar a possibilidade de aprender um pouco de tudo no que toca à Gestão. Ora, isto acaba por ser uma faca de dois gumes.

Por um lado, permite-nos olhar para um problema com outras perspetivas e acabar o nosso curso com mais conhecimento sobre mais áreas de estudo e novas maneiras de resolver problemas. Mas, por outro, esta visão alargada acaba por ser apenas superficial, uma vez que acabamos por não aprofundar nenhuma das áreas em específico.

Muitos dos alunos começam a olhar para os mestrados assim que começam o 3º ano. Após dois anos de aprendizagem, sentem a necessidade de aprofundar os seus conhecimentos num dos tópicos que abordaram na licenciatura. Esta é uma decisão difícil, não só por não haver certezas absolutas face ao que escolher, mas também por esta decisão limitar em parte as nossas possibilidades de emprego futuras e por representar um investimento avultado, tanto em tempo como em dinheiro.

É uma sensação em que não sabemos para onde nos virar. Gostamos de várias coisas, vários tópicos, porém, será que gostamos mesmo daquela vertente ao ponto de fazer carreira? Gostamos mesmo dela ao ponto de investir milhares de euros e mais dois anos da nossa vida?

O desfecho mais temido é o de acabar a nova etapa, dois anos depois, com um diploma numa área que não nos desperta interesse, que não é aquilo que realmente gostamos, que não nos motiva todos os dias para acordar prontos para trabalhar mais.

Os alunos de Gestão já se queixam há vários anos da necessidade de aprenderem de forma mais prática. Acabamos por não conseguir formar uma opinião sólida em relação às diferentes áreas de estudo, devido a esta falha. Como haveremos de saber se gostamos verdadeiramente de algo, se aprendemos apenas a teoria?

O desejo de entrar no mercado de trabalho e começar a trabalhar em prol de projetos que nos motivem é comum. “Aprender fazendo” é o que nós desejamos, mas não temos.

Para agravar a situação, os métodos de ensino praticados em algumas Unidades Curriculares estão desatualizados e obsoletos. Existe a possibilidade de utilizar mais ferramentas digitais dentro da sala de aula e, a acompanhar esta possibilidade, existe o desejo dos alunos para que isso seja feito. O caso que é frequentemente apontado como sendo o mais grave é aquele onde temos que aprender a usar o Excel – um programa fundamental na nossa área – com papel e caneta, deixando de lado a opção mais óbvia de aprender, diretamente, no computador.

Agradecemos a possibilidade de estudar num curso com um bom ranking internacional. Sabemos, também, que o EEG Generating Skills, o programa da nossa escola que nos oferece workshops e formações gratuitas, é uma ótima ferramenta para que entremos no mercado de trabalho mais preparados. Contudo, a necessidade de aprender de forma prática os conteúdos da sala de aula ainda não foi saciada, impedindo-nos de que comecemos desde cedo a decidir a área onde queremos trabalhar, de ganhar experiência útil para os empregadores e de verdadeiramente perceber as aplicações de toda a teoria que nos é ensinada.

Sentimos que nem sempre somos ouvidos. Ano após ano, as queixas continuam a entrar e a acumular-se, sendo muitas delas repetidas. Sabemos que o curso está a evoluir em termos de prestígio, porém, questionamo-nos: em que posição estaríamos nós se fossemos ouvidos? Em que posição estaria o curso como um todo se fossemos ouvidos?

A crença é de que estaríamos melhor. Mais motivados. Mais preparados. Mais confiantes. Aprenderíamos de um modo que realmente nos atrai.

Iremos continuar a persistir. Um dos primeiros pontos que aprendemos neste curso é de como as necessidades e desejos do consumidor definem a estratégia de uma empresa e, consecutivamente, o seu sucesso. Oxalá, o consumidor seja desta vez ouvido.