O Aonime voltou ao Forum Braga. O evento contou com workshops, concursos, cosplay e muita música.
O placo está aberto a todos. Para cantar basta subir, pegar no microfone, aquecer as cordas vocais, afinar a letra e começar. Centenas de pessoas reunem-se nas galerias superiores do Forum Braga, para um dia dedicado à cultura pop japonesa.
Tenta-se a sorte ao cantar em japonês. “Again” de Yui, popularizada pelo anime “Fullmetal Alchemist: Brotherhood”, é uma das escolhas mais recorrentes, bem como as aberturas “old school” das primeiras temporadas de Naruto. Mas há, ainda, espaço para músicas em português e em inglês.
Os fãs veem dos arredores de Braga e até do Porto. Como já é costume, muitos vestiram a pele dos personagens favoritos de séries e jogos.
O cosplay é um dos aspetos mais visíveis e vincados de convenções de cultura pop. Todos os anos, eventos como o Aonime são o cenário para os cosplayers mostrarem os fatos, feitos por eles mesmos ou então comprados, e dar vida aos personagens de jogos, séries, filmes e livros que mais admiram. Quem quiser, pode também competir em concursos, ou então receber dicas de veteranos do cosplay, em workshops, que se espalham no dia de cultura pop japonesa de Braga.
“Apaixonei-me pela cultura japonesa”
O primeiro Aonime surgiu em 2012. Gabriela Lucena, fundadora do evento estudava no último ano do curso de design gráfico da escola profissional de Braga. Tinha de fazer uma prova de aptidão profissional e queria juntar o útil ao agradável; fazer uma coisa que gostasse e, ao mesmo tempo, onde pudesse aplicar o que aprendeu. “Gosto muito de cultura japonesa e cultura pop foi um tema que surgiu logo à partida”, confessa.
A atração de Gabriela pela cultura pop japonesa começou na infância, quando via os desenhos animados que davam na televisão. Também gostava de desenhar, principalmente personagens de jogos, cartoons e animes. “Comecei a ver a atração do estilo e comecei a investigar um pouco mais, através da internet, e apaixonei-me pela cultura japonesa”.
Moldou o Aonime à imagem de outros eventos do género. “Na altura tinha ido ao meu primeiro Iberanime, em 2010 ou 2011, portanto fui pegar muitas ideias de lá.” Tudo o que implicasse fazer a publicidades, a divulgação e a própria organização do evento foi feito por Gabriela.
Reconhece que na altura, há sete anos, muita gente ainda não queria assumir ser fã de cultura japonesa. Os animes, os manga e o cosplay ainda eram coisas estranhas para a maioria das pessoas. “Muita gente tinha medo de ‘sair do armário’, digamos assim. Ainda era muito visto como tabu, tinham vergonha de gostar de cosplay”. Contudo, Gabriela vê os eventos desta natureza e a proliferação deste tipo de convenções como um grande veículo para dar a conhecer o mundo e a cultura japonesa, incentivando as pessoas a saírem de casa e a criar uma comunidade, unida por um gosto comum.
Durante três edições o Aonime realizou-se na escola profissional de Braga. A organização foi passando da fundadora para colegas de curso mais novos que mostravam interesse em dar continuidade ao projeto. Ao quarto ano, contudo, ninguém estava disposto a continuar a tradição. Na altura, Gabriela costumava frequentar a loja AlterCos, no BragaShopping. Falou com eles e mostraram-se dispostos a carregar a organização do Aonime a partir daí. Então, em 2015, o evento passou a ser feito no Parque de Exposições, mais tarde renomeado Forum Braga.
Na primeira edição, a fundadora relembra que foi difícil chamar patrocinadores e empresas. “À medida que foi crescendo, as empresas começaram a falar connosco”, conta a fundadora. Este ano, o Aonime contou com workshops e presenças de vários cosplayers como Omega Props e Angélica Elfic e grupos como a SilverBlade, a primeira Academia de combate com Sabre de Luz de Portugal. Houve, ainda, espaço para uma prova de kimonos, promovido pela Universidade do Minho.
Segundo, Luís Pinto, atual organizador do evento, a sétima edição do Aonime foi um sucesso e e cresceu em todos os aspetos face às edições anteriores.
Ao todo, passaram cerca de 1700 pessoas pelas galerias do fórum. Gabriela vê com bons olhos a comunidade que se reúne para uma tarde num mundo que admira. “As pessoas gostam, unem-se, unem-se pelos gostos e é isso que importa.”, remata.