39 anos após o lançamento do primeiro álbum, Bryan Adams voltou a provar aos seguidores que a sua carreira está longe de chegar ao fim. No primeiro dia de março de 2019, o veterano artista canadiano deu a conhecer ao mundo Shine a Light, o seu 14º trabalho de estúdio, que surpreende pela aplicação de umas pitadas de Pop ao mesmo.

As duas primeiras canções são, possivelmente, as mais importantes de todo o álbum, na medida em que são as mais suscetíveis de intrigar os fãs do canadiano. A primeira, “Shine a Light”, conta com a participação especial de Ed Sheeran, que auxiliou Bryan Adams no processo de escrita da canção.  A segunda, “That’s How Strong Our Love Is”, conta com a improvável, mas muito bem conseguida, participação de Jeniffer Lopez.

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Estas duas faixas merecem o maior destaque pois revelam uma forte onda Pop que, por norma, não se associa à figura de Adams, que é comumente recordado por deter alguns dos maiores clássicos dos anos 80, como “(Everything I Do) I Do It For You”, “Heaven”, “Please Forgive Me” ou “Summer Of 69’”. Apesar da decisão arriscada, as duas canções acabam por transmitir uma vibe extremamente interessante e descontraída, o que constitui um dos pontos mais fortes do disco.

Após as faixas suprarreferidas, verifica-se um regresso progressivo de Bryan Adams à sua zona de conforto, mais rockeiro, ao aplicar solos de guitarra mais pesados e ao enfatizar a bateria nas canções. O exemplo mais pertinente deste regresso à veia Rock é a faixa “I Could Get Used To This”, em que o artista, ironicamente, contradiz o próprio título e apresenta uma canção bastante forte a nível acústico. No entanto, há outras que ilustram a vertente mais centrada no Rock do disco, como “All Or Nothing”, “Driving Under The Influence Of Love” e, ainda, “Part Friday Night, Part Saturday Morning”.

O álbum termina com chave de ouro, com a faixa “Whiskey In The Jar”. Esta canção, bastante simples e tranquila, conta apenas com a voz incontornável de Bryan Adams, uma guitarra e, em alguns momentos, uma harmónica. Juntas, estas três componentes formam a faixa mais bonita de todo o projeto musical, que comprova a qualidade do artista, independentemente do estilo que esteja a interpretar.

Em suma, Shine a Light surge numa época em que o estilo Rock está cada vez mais escondido e, até, esquecido entre o chamado popularoumainstream”. Talvez movido por esta nova realidade, Bryan Adams arriscou em modernizar o seu modo de criar música, apresentando um disco com muito mais referências Pop do que lhe é hábito, mas sem nunca perder a sua verdadeira essência. O resultado é um álbum interessantíssimo, apelativo e capaz de proporcionar sensações bastante boas a quem o ouve. Embora não seja perfeito, é merecedor de bastante atenção.