O painel “Previne o teu futuro: a recessão de amanhã” das III Jornadas de Economia e Gestão teve como objetivo sensibilizar os jovens sobre as mais valias da informação e do conhecimento.

Intitulada “Previne o teu futuro: a recessão de amanhã”, a palestra organizada pelas III Jornadas de Economia e Gestão decorreu esta quarta-feira. O evento contou com a presença de Emília Vieira, CEO da Casa de Investimentos, Luís Aguiar-Conraria, professor associado da Universidade do Minho e vice-presidente para a Investigação e Internacionalização da Escola de Economia e Gestão (EEG), e João Cerejeira, professor auxiliar da EEG.

Num registo inspirador e firme, a também co-fundadora da Casa de Investimentos, Emília Vieira, abordou não só os fundamentos necessários para saber onde, como e o que investir como também a relevância da confiança e das soft skills. Num discurso ilustrado por episódios reais e vivências que a marcaram, a empresária incentivou fortemente os alunos para começarem cedo a construir a sua liberdade. Mencionando Warren Buffet, sensibilizou os alunos para a necessidade de poupar: “Não poupem o que sobra depois de gastar, gastem o que sobra depois de poupar”.

“O que é que é importante num investimento?”, questionou. Salientando o conhecimento da história e a avaliação dos ativos, Emília Vieira destacou que é também necessário ter garra para ser diferente. “Achamos correto fazermos o que toda a gente faz, que vai correr tudo bem. E, às vezes, fazer diferente equivale como dor física, a partir um braço ou uma perna”.

Em referência ao Project Oxygen, efetuado pela Google em 2013, a CEO da única empresa portuguesa de gestão de património mencionou características qualitativas que se devem ter em conta e que vão muito além dos estudos. Como estudado pela Google, os conhecimentos STEM (sciene, technology, engeneering and mathemathics) não são suficientes. Um bom trabalhador envolve também empatia e soft skills, que não se aprendem com equações matemáticas ou textos extensos sobre finanças.

Desde a taxa de crescimento do PIB, à taxa de desemprego entre homens e mulheres e abordando também o défice orçamental, Luís Aguiar-Conraria alerta que a sua geração era muito mais otimista em comparação à geração atual. “Hoje em dia, os jovens são mais fáceis de despedir e mais difíceis de contratar”, comentou.

Num tom descontraído, o vice-presidente da EEG conversou com os alunos explicando que não é possível prever recessões, que os ciclos económicos são normais, mas que, em contraste, “crises como a de 2009 não são”. Apontou ainda que, hoje, os estudantes “têm muitos mais instrumentos que permitem lidar melhor com estas situações”. “Muitas vezes, os problemas são vocês que os criam”, acrescentou.

“Crises vão haver sempre, só não sabemos quando vão acontecer”, disse João Cerejeira. Passando à perspetiva do mercado de trabalho, foram abordados indicadores e possíveis preditores de crise: a produtividade marginal – “não é por adicionarmos mais trabalhadores nem é a trazer pessoas de fora que a produtividade aumenta”, apontou.

João Cerejeira estima que a economia portuguesa tenha chegado ao limite de expansão e que pode melhorar através da inovação tecnológica. No entanto, isso não tem afetado a produtividade de forma substancial. É necessário atrair trabalhadores, mas, face a um eventual choque exterior, a economia pode regredir, daí a impossibilidade de previsão.

No final da sessão, abriu-se um espaço para perguntas e respostas, onde se destaca a interação entre Jorge Martins, aluno da licenciatura em Economia, e Emília Vieira. O estudante universitário indagou: “Como é que a Casa de Investimentos lidou com a enorme crise? Como se lida com a perda de confiança por parte dos investidores e com algo que não somos capazes de controlar?”.

Defendendo a filosofia adotada pela empresa, Emília Vieira respondeu: “Nós procuramos explicar aos clientes com a maior transparência o processo de investimento: mostramos artigos, explicamos os ativos, analisamos extratos. A informação e o conhecimento geram confiança e criam competências, preparando-nos muito melhor para desafios futuros”. Em resumo, estipulou que os fundamentos passam por uma “disciplina férrea” e que é necessária uma “margem de segurança”.