Os campeonatos têm lugar na cidade de Guimarães. O presidente da AAUM destaca a importância do evento para a academia e para a região.

Arrancam, esta segunda-feira, as fases finais dos Campeonatos Nacionais Universitários (CNU’s) 2019. A cidade de Guimarães é o palco da competição. Nuno Reis, presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), fala do “enorme desafio” que é preparar o evento.

Organizado em parceria com a Universidade do Minho (UMinho), a Federação Académica do Desporto Universitário (FADU) e a Câmara Municipal de Guimarães, a competição decorre até 10 de maio. As modalidades de rugby 7, andebol, voleibol, basquetebol e futsal feminino, para os dois géneros, o hóquei em patins e o futebol 11 masculino são as modalidades que compõem o programa de provas.

A cerimónia de abertura tem lugar no Largo da Oliveira, no domingo, às 18h00. Duas horas antes, também em solo vimaranense, realiza-se o Campeonato Nacional Universitário de Atletismo de Estrada.

Nuno Reis, em entrevista ao ComUM, destaca a “magnitude” dos CNU’s e as atividades paralelas que vão existir no campus de Azurém, promovidas, por exemplo, através de um plano de sustentabilidade ecológico. O representante máximo dos alunos da academia minhota fala da evolução dos campeonatos ao longos dos anos e vê com bons olhos a possibilidade de existir, no futuro, um curso ligado ao desporto na UMinho. Espera também uma “boa prestação de todas as equipas da AAUM” nas diferentes modalidades.

 

ComUM: Qual é a importância da realização dos Campeonatos Nacionais Universitários para a Associação Académica da Universidade do Minho? O que é necessário para realizar um evento desta magnitude, a nível de apoios financeiro e logístico?

Nuno Reis: Os CNU’s são a maior competição multidesportiva nacional. Isto significa que em termos de logística é um desafio muito grande. Nós gostamos, particularmente, destes tipos de desafios que envolvem a carreira desportiva de um atleta estudante. É uma boa ocasião para darmos boas condições aos praticantes, nomeadamente, aos atletas da casa porque estamos a jogar no Minho e jogar em casa é sempre mais fácil. Depois, para além do desafio gigante em termos logísticos, também é um desafio grande na comunicação com as pessoas. Estamos a falar de um staff na ordem dos 250 voluntários, uma equipa de coordenação de cerca de 30 pessoas, em áreas distintas, uma estrutura de coordenação partilhada por várias entidades, a AAUM, a FADU, a CM Guimarães e também o Serviço de Ação Social da UMinho, que em conjunto permitem fazer deste evento um marco memorável.

O evento terá mais de 12 espaços diferentes relativamente a instalações desportivas e ficará na memória, não só pela questão das infraestruturas desportivas, mas também por todos os outros projetos em paralelo. A questão da sustentabilidade, o programa social e o programa que vai complementar o evento obriga a falar com outras entidades, nomeadamente com as entidades municipais na área do ambiente, com os nossos parceiros estratégicos, como a Get Green e, essencialmente, com os SASUM, que agora têm esta particularidade de estarem a desenvolver um projeto ambiental, tal como a AAUM. É um desafio muito grande, que ainda fica mais complicado porque o evento termina no mesmo dia que começa o Enterro da Gata. Por isso, serão um desafio constante estes CNU’s.

ComUM: Os CNU’s apresentam este ano uma vertente associada à responsabilidade social e ecológica, seguindo um plano de sustentabilidade. De que forma é que estas medidas se podem relacionar com a competição desportiva?

Nuno Reis: Essencialmente acho que é uma oportunidade de interagirmos com jovens estudantes, com pessoas que, à partida, terão preocupações sociais elevadas e estão numa faixa etária que obviamente se preocupam com o seu futuro e com o do planeta. Portanto, é uma oportunidade de consciencializar, não só para a parte do desporto, mas também para a forma de o fazer de forma sustentável. Isso aplica-se em medidas muito concretas, como, por exemplo, a reutilização de garrafas. Vamos oferecer cantis e vamos apenas utilizar água da rede devidamente filtrada em todos os campos onde vai haver atividade desportiva.

Vamos desenvolver uma atividade de consciencialização em relação com o desporto, ou seja, vamos colocar balizas na universidade e pedir aos estudantes para participar num pequeno passatempo, onde podem ganhar alguns prémios relacionados com os CNU’s e com a AAUM. Vão ter oportunidade de misturar a componente física com a mental, respondendo a algumas perguntas sobre sustentabilidade e praticando algum exercício físico. Portanto, há um conjunto de fatores que contribuem para que possamos dizer que este será um evento memorável, para quem participa regularmente, mas também para a própria academia, que também vai viver muito o evento.

ComUM: Esta é a sétima vez que a Associação Académica da Universidade do Minho organiza este evento em cooperação com a Universidade do Minho e a Federação Académica do Desporto Universitário (FADU). Que novidades podemos contar este ano relativamente às anteriores? Existe alguma diferença notória em relação às outras edições?

Nuno Reis: O evento tem-se transformado ano após ano. Está a ficar cada vez maior e a ter mais impacto social. No início, quando começaram os CNU’s, chamavam-se TNU’s porque haviam menos equipas universitárias a participar, há 15/20 anos. Felizmente, o fenómeno do desporto universitário tem crescido e, hoje em dia, temos coisas diferentes das edições anteriores. Por exemplo, vamos ter as exibições das finais no Porto Canal. Vamos ter a cobertura de jornais nacionais como o Record e outros jornais que vão certamente estar interessados em saber dos resultados. Vamos também ter apoio de embaixadores que foram atletas a nível universitário, nacional e internacional, dando a cara por estes campeonatos.

Tudo isto aumenta do ponto de vista mediático e tem grande impacto na região, trazendo mais desafios acrescidos. A qualidade desportiva é mais exigente agora do que há alguns anos. Temos melhores atletas e condições porque estamos a investir no desporto universitário. Isso é um trabalho que tem de ser reconhecido, não apenas pela AAUM, que tem sido o motor deste desenvolvimento e a prova disso é que grande parte da história dos CNU’s está relacionada com a associação – desde logo essas seis edições dos campeonatos – mas, por outro lado, a FADU, que tem conquistado cada vez mais espaço. Se calhar, a última conquista foi a aprovação da lei que vem permitir o estatuto de estudante atleta, que é muito recente e que será uma das bandeiras dos CNU’s.

ComUM: Considera a maior organização desportiva desde que assumiu a presidência da associação académica?

Nuno Reis: Sim. Certamente será o maior evento do ponto de vista de organização desportiva. Contudo, de forma diferente, o Mundial Universitário de Ciclismo foi um evento particularmente desafiante porque saímos da nossa zona de conforto. Não estávamos dentro da academia, não estávamos dentro de portas e obrigou-nos a fechar ruas e cidades quase inteiras e tivemos de nos espalhar um pouco pela região. Portanto, foi um desafio enorme conseguirmos organizar algo que, por si só, já tem uma logística bastante complicada e não deixou de ser um evento enorme e de uma dificuldade muito grande para a organização. O próximo Campeonato Europeu Universitário de Futsal, que vai acontecer em julho deste ano, será um desafio. Estamos a jogar na nossa zona de conforto, digamos assim.

É uma modalidade que está a ser bem desenvolvida, com a colaboração de clubes com os quais temos excelentes relações, como é o caso do SC Braga, que também nos vão ajudar em questões muito particulares. Portanto, a expectativa que foi criada à nossa volta, até pelas próprias pessoas que nos entregaram o planeamento para que esta seja uma excelente organização, juntando o histórico que temos no desenvolvimento do desporto universitário e, até no ponto de vista do resultado desportivo, como foi o caso do segundo lugar no Campeonato Europeu do ano passado, torna grande a responsabilidade. Este ano, gostaríamos de ser campeões em casa. Portanto, vai ser também um grande desafio. São três competições distintas, mas acho que em termos de movimento, de locação de recursos, os CNU’s serão os mais complicados, devido aos três fatores que estão envolvidos: o tempo, a quantidade de pessoas envolvidas e o número de competições.

ComUM: Sendo o Minho uma região muito ligada à prática desportiva – no ano passado Braga até chegou a ser Capital Europeia do Desporto -, considera que falta o curso de Desporto na Universidade do Minho?

Nuno Reis: Eu tenho uma opinião muito particular em relação ao assunto. Antes de pensar no curso de Desporto na UMinho, temos de pensar na perspetiva nacional e perceber se faz sentido termos mais um curso de deporto. Há espaço dentro da universidade para termos cursos relacionados com o desporto, como motricidade humana, que está relacionado com o praticar de desporto, mas acho que a UMinho não devia investir em mais um curso de desporto. Para ser, teria de ser algo diferenciado e complementado por uma componente de investigação muito importante e é exatamente aí que a UMinho se podia encaixar, quer em Braga ou em Guimarães. Provavelmente em Guimarães porque é onde tenho visto mais força do município para ter esse curso lá.

Contudo, acho que a área do desporto é bastante ampla e hoje o que faz sentido no ensino superior não é criar áreas amplas, mas conseguir criar áreas de estudo muito próprias e que se possam distinguir. Temos o exemplo da UTAD e os cursos de agricultura que, hoje em dia, são cursos de referência mundial. Já temos os cursos nas áreas das engenharias e da medicina onde temos investigação científica de alta qualidade e em muitas outras áreas da universidade. Porém, a especialização é certamente um dos motores de desenvolvimento da universidade e da região. Portugal, como é um país pequeno, não tem hipóteses de se internacionalizar, se não se especializar em determinadas áreas. Portanto, algo relacionado com o desporto seria certamente muito bem pensado.

ComUM: Quais são as expectativas para a participação das equipas da AAUM?

Nuno Reis: Gostava muito de ter excelentes resultados desportivos, nomeadamente sermos a equipa com melhores resultados a nível coletivo. Contudo, compreendo claramente que o desenvolvimento desportivo é algo constante. Há anos em que temos formações de luxo. Tivemos em várias modalidades durante muito anos porque foi um acompanhamento constante. O facto de recebermos alunos no primeiro ano e eles continuarem ligados à equipa onde jogam durante alguns anos ajuda a que apareçam os bons resultados. Depois também temos o exemplo de algumas formações que foram campeãs, como, por exemplo, o futebol, o futsal e o voleibol feminino.

Aqui, a expectativa é que, mesmo com esta rotatividade, consigamos ter uma boa prestação desportiva, que nos permita ser os primeiros. Porém, obviamente, sabemos que vão estar aqui muitas equipas que vão querer ganhar e possuem plantéis muito fortes e que se reforçaram especialmente para estes CNU’s. Contudo, acredito que a AAUM, para além de estar a organizar estes campeonatos de forma exímia, vai estar muito preocupada com a qualidade desportiva das nossas equipas, dando condições para que elas possam ter excelentes resultados.