A única ocasião em que duas pessoas podem guardar um segredo é quando uma delas está morta (“Cause two can keep a secret if one of them is dead”). Este é o lema do universo de Pretty Little Liars (PLL) e o spin-off The Perfectionists não o deixa ficar por Rosewood.
O título da série, derivada novamente de um livro de Sara Shepard, é explicado no voiceover inicial. Acompanhado por uma versão da Poker Face tocada no violoncelo por, nem mais nem menos, um dos novatos que estamos prestes a conhecer, instiga o perfeito nível de intriga. Dá-nos então a conhecer o local da ação, a Universidade de Beacon Heights (BHU), as novas personagens de foco e, não menos importante, a enorme pressão à qual eles estão submetidos para atingir a perfeição.
As expectativas eram altas e colaram os fãs nos seus lugares, sobretudo com a intenção de encontrar algo que pudesse fazer referência ou que os lembrasse do mundo ao qual estavam habituados. Contando com a mesma criadora, I. Marlene King, as esperanças foram de certo modo satisfeitas e as parecenças são bastantes.
Começando pelo elenco principal, que integra duas das anti heroínas mais famosas da série original. Alison DiLaurentis (Sasha Pieterse), que se muda para Beacon Heights na sequência do seu arco de redenção e Mona Vanderwall (Janel Parrish). Esta última recebe-a de uma forma muito clássica, pregando-lhe um susto e apresentando-se com uma faca na mão, não tendo nada mais do que a intenção de partilhar uma tarde de boas vindas. Mas nenhuma cena que envolva Mona ocorre sem causar alguma inquietação e suspeita a quem está a assistir e Janel Parrish não falha na sua interpretação da complexidade da personagem.
Em segundo lugar, o tema musical da série que, apesar de um pouco alterado, continua a ser o mesmo, traz consigo toda uma nostalgia juntamente com um peso resultante de anos de “tortura”. Seguem-se as semelhanças na caraterização das novas personagens. Neste primeiro olhar ao que será certamente uma temporada cheia de surpresas, é impossível não entrar com um tom de comparação. Os novos habitantes do universo de PLL apresentam caraterísticas similares aos restantes com os quais estávamos familiarizados.
É irrealista não notar uma certa semelhança física entre a Caitlin Lewis (Sydney Park) e a Emily Fields (Shat Mitchell). No entanto, a personalidade de Lewis parece ser mais estilo Spencer Hastings (Troian Bellisario), devido à sua tenacidade, inteligência e vontade de seguir os passos de uma das suas mães na vida política. Continuando nesta corrente, a Ava Jalali (Sofia Carson), na minha opinião, tem um toque de Hanna Marin (Ashley Benson). Isto justifica-se na primeira imagem que vemos dela que consiste em Jalali a fazer desenhos de uma provável coleção de roupa. Toda uma série de analogias perde-se quando chegamos a Dylan Walker (Eli Brown). É notável a novidade que se encontra na criação da personagem, como se ele fosse feito de uma mistura perfeita de açúcar e pimenta. Entre a sua perfeita harmonia com o violoncelo, o seu ser feito de música e pura intelectualidade e a sua queda por más influências, não sei qual destes me causará mais intriga, mas ficarei atenta.
Não é à toa que se juntam três mosqueteiros. O que é que o trio tem em comum? Nolan Hotchkiss (Chris Mason), que os mantem ligados por uma falsa amizade sustentada por segredos que nenhum deles pode deixar que cheguem à tona. Através disto podemos compará-lo com uma versão mais jovem de Alison, semelhança que não passa despercebida a esta última. Mas a história deste personagem não fica por aqui.
Nolan é o membro mais novo da enigmática família Hotchkiss, os fundadores e supostos donos da universidade. Para além dele, foi-nos dada a conhecer a sua mãe, Claire, interpretada por Kelly Rutherford, conhecida pelo papel de Lily van der Woodsen na série Gossip Girl. E, também a sua irmã, Taylor (Hayley Erin), com um físico suspeitosamente similar ao de Alison, que aparentemente se tinha suicidado no ano anterior. No entanto, em Pretty Little Liars nada é aquilo que parece.
Tudo isto leva Alison a questionar de que forma é que se encaixa nesta história e qual o seu verdadeiro propósito naquela universidade. Todas estas dúvidas só nos levam a uma resposta, ou melhor dizendo, a uma pista. Mona.
Depois de ter admitido ter sido ela quem colocou DiLaurentis na posição de professora assistente na BHU, procede com uma série de comportamentos estranhos. Apesar de a maioria dos espectadores os assimilar como comportamentos naturais da personagem, o descontrolo levou a um desvendamento. O homicídio do fio conetor de todas as pontas soltas causou desordem e desconfiança, ao mesmo tempo que revelou que a Mona faz parte de algo muito maior do que aquilo que passava pela cabeça de quem estava a assistir.
São notáveis as analogias que se podem fazer à série “mãe” em termos de enredo. Portanto, há que aplicar ensinamentos quando nos preparamos para embarcar em mais uma misteriosa e turbulenta viagem. Se há coisa que aprendemos aquando da nossa passagem por Rosewood é que não podemos confiar em ninguém, toda a gente é um potencial suspeito e nenhum dos nossos mais obscuros pensamentos está a salvo. Tudo o que façamos ou digamos pode e irá ser usado contra nós. E, não nos podemos esquecer da misteriosa morte de alguém que acaba quase sempre por se mostrar bastante vivo.
Título original: Pretty Little Liars: The Perfectionists
Argumento: I. Marlene King
Realização: I. Marlene King
Elenco: Sasha Pieterse, Janel Parrish, Sofia Carson
EUA
2019