A Ordem, série produzida por Dennis Heaton e Shelley Eriksen, apodera-se do sobrenatural para abordar problemáticas atuais e, muitas vezes, tipicamente americanas. Explora o desejo de pertença, de vingança e de amores não correspondidos, associados a confraternidades de estudantes. O show peca no reduzido orçamento utilizado.
Jack Morton (Jake Manley), por influência do seu avó, apresenta uma ânsia muito clara de pertença à universidade de Belgrave. A razão dessa realidade não é apresentada de mão beijada, sendo assim, cabe ao espetador a ir descobrindo. Desta forma, dever-se-à dar atenção a todas as pistas que vão sendo fornecidas ao longo dos diversos episódios. A apresentação das mesmas escala de uma forma abismal, abandonando a simplicidade para dar lugar a uma realidade extremamente complexa.
Aproximando-se de The Magicians e The Vampire Diaries, a série conta com uma aprendizagem progressiva das condições que as diferentes personagens adquirem. Para além de outros elementos místicos pontuais, A Ordem conta principalmente com mágicos e lobisomens. Estes têm de descobrir, primeiramente, o seu propósito para com a sociedade a que pertencem e para com a comunidade no seu global. Sendo assim, ensinamentos básicos como aprender a ouvir, a seguir uma ordem, a esperar e a definir prioridades, são os primeiros aspetos que se tenta que sejam transmitidos – “We’re supposed to be learning magic, not bartending”.
Estes propósitos e tarefas exigidas estão inteiramente relacionadas com a cultura de cada fraternidade, existindo registos concretos da história de cada uma. Por exemplo, The Knights of Saints Christopher têm o propósito de combater a magia negra, compreendendo diferentes tipos de lobos, com personalidades distintas e posições diferentes na matilha – Greybeard, Tundra, Midnight, Timber e Silverback.
Para além disso, são desmitificadas algumas ideias pré-concebidas do meio sobrenatural. O facto da magia puder ser realizada para próprio prazer e sem qualquer tipo de consequência é uma delas, em A Ordem todas as ações provocam reações que voltam a quem as exerceu, de um modo ou de outro. Aquando de uma cena de tentativa de fabricação de notas, tudo ao redor das personagens perde a sua ordem natural, conduzindo a consequências físicas. Outro aspeto mencionado, com algum humor, é que os lobisomens só podem ser mortos com balas de prata – “Forget bullets. Forget silver, okay? Werewolves are magic and it takes magic to bring one down”.
Algumas críticas à sociedade são realizadas. Há uma associação de indivíduos que apenas cumprem aquilo que lhes é pedido, não possuindo opinião própria. E uma problemática típica do ambiente estudantil: o sentimento de superioridade de alguns estudantes sobre os restantes, apenas por pertencerem à instituição há mais tempo.
Um dos grandes problemas da série é o reduzido orçamento utilizado. Esta lacuna provoca uma enorme falha em CGI, sendo assim, as figuras místicas com características específicas, como os lobisomens, surgem muitas poucas vezes. Geralmente apenas surge as consequências das suas ações, como por exemplo, mortes violentas.
A série conta com um leque de atores de excelência. Jake Manley, conhecido pelas series Heroes Reborn e iZombie; Sarah Grey, atriz que participa em Bates Motel e Once Upon A Time; Matt Frewer, ator catedrático, conhecido pela sua prestação em Max Headroom e Orphan Black; Sam Trammell, ator em True Blood e Max Martini de Saving Private Ryan, Level 9 e The Great Raid.