A maior e mais velha competição de música do mundo inicia-se esta terça-feira com a semifinal inaugural do concurso. A poucas horas de descobrirmos os primeiros dez finalistas do ano, olhamos para as casas de apostas para perceber aquilo que distingue (ou não) os dez favoritos a vencer a edição deste ano.
O Festival Eurovisão da Canção 2019 foi evoluindo nos últimos meses a meio gás, com polémicas que poderiam ter comprometido a capacidade do canal estatal israelita, KAN, em realizar a edição deste ano. Com emissão em direto para dezenas de países, começando pelas 20h em Portugal continental, inicia-se uma das semanas mais competitivas do ano.
Antes do top, a descida de Portugal
Primeiramente, entrou nas apostas como um dos favoritos à vitória. Dois meses depois, Portugal tem caído várias casas. Os ensaios mostram planos diferentes do Festival da Canção, a roupa verde desiludiu a maior parte dos fãs e vários problemas nos ensaios têm preocupado Conan Osíris. O canal israelita não cede às ideias de Portugal para melhorar o palco e, segundo o cantor, existem problemas de luz que não estão a ser resolvidos. A passagem à final está cada vez mais difícil, mas mais logo saberemos.
10.º – Islândia – “Hatrid Mun Sigra”
Uma das surpresas do ano. Nesta edição, a Islândia traz uma música onde o “ódio prevalece”, segundo o título da canção. O regresso da língua islandesa é das maiores conquistas do ano. Apesar da cada vez maior globalização do programa, as línguas nacionais têm tido melhores resultados junto dos fãs nos últimos anos. É difícil de perceber o apego a “Hatrid Mun Sigra”, tratando-se de um género tão específico, mas um top 10 na final é bem possível. Será, de certeza, o seu melhor resultado desde 2014.
9.º – Malta – “Chameleon”
A última aparição de Malta na final foi em 2016, com uma grande pontuação proveniente do júri. O país tem uma dificuldade enorme em agradar ao público, sendo que as pontuações do televoto são quase sempre baixas. Depois da vitória de Portugal, Malta é agora o país que participa há mais tempo sem ganhar a competição. A vitória não será este ano, mas é possível uma das melhores pontuações para o país. Michela, uma das mais jovens artistas deste ano, transformou “Chameleon” em algo exótico e com grande capacidade de convencer o público.
8.º – Suíça – “She Got Me”
Esta edição parece ser a melhor para os países mais oprimidos nas pontuações. A Suíça continua a ser um dos países com piores resultados nos últimos anos, com alguns últimos lugares nas semifinais. “She Got Me” vem ao encontro das tendências do mercado musical, pelo seu caráter universal e mainstream, que normalmente chega às massas. O país atua na segunda semifinal, entre Moldávia e Letónia, o que aumenta as probabilidades de passar à final. Um top 10 na final é expectável.
7.º – Itália – “Soldi”
A Itália é sem dúvida um dos melhores países neste momento a concurso. O Sanremo, equivalente ao Festival da Canção em Portugal, faz parte da cultura italiana, apresentando aquilo que melhor se faz na indústria musical do país. O maior obstáculo à vitória italiana nestes anos tem sido o júri, que nunca parece convencido. Como membro do Big 5 – os cinco países (Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido) que mais contibuem financeiramente para a União Europeia de Radiofusão – o tema está diretamente na final e é vista como uma dos preferidas à vitória. Porém, a vida ensinou-nos uma coisa: por mais que a canção italiana seja boa, ela nunca será vencedora. Este ano, em “Soldi”, o cantor faz-nos refletir sobre o poder das relações e do dinheiro.
6.º – Austrália – “Zero Gravity”
Apesar da longa distância, o país mais recente na competição continua a levar qualidade ao programa, possuindo o título de concorrente que sempre marcou lugar na final desde a sua estreia, em 2015. No ano seguinte, convenceu o júri e quase levou o espetáculo para outro continente. Este ano, está a convencer os fãs pelo palco que vai trazer, embora “Zero Gravity” não seja das melhores do ano, a originalidade ganha força num espetáculo que agora também é visual. Não é arriscado dizer que pode ser a preferida a ganhar a primeira semifinal.
5.º – Azerbaijão – “Truth”
O Azerbaijão fecha o espetáculo de quinta-feira e a sua canção parecia esquecida pela tabela das apostas, sendo que nada poderia ter antevisto a subida repentina ao top 5 durante a semana dos ensaios. A diminuição da qualidade de várias músicas em palco, juntamente com o palco que a delegação azerbaijanesa preparou, foram os principais motivos para o sucesso. Azerbaijão nunca desilude e é um dos poucos países cuja qualidade não se tem perdido nos últimos anos. “Truth”, no entanto, não é memorável e vai-se perder pelas pontuações da final de sábado.
4.º – Rússia – “Scream”
A Rússia gosta de desafios e show off. A qualidade do palco e o espetáculo são uma prioridade para o país, um dos mais competitivos a concurso. Costuma apresentar excelentes cenários que muitas vezes transformam músicas esquecíveis em algo memorável. “Scream” parece saída de um filme musical, o que permite transformar a performance em algo visualmente espetacular. O artista representou o país em 2016 e foi o favorito do público, daí as altas expectativas. Especulava-se uma descida nas apostas após o ensaio da Macedónia, na qual se viu uma escolha de adereços idênticos aos russos. Ainda assim, o ensaio mostrou um cenário que poderia ter sido melhor aproveitado.
3.º – França – “Roi”
“Roi” foi a maior subida após os ensaios. Porque a Eurovisão também é um veículo de mensagens sociais, Bilal Hassani leva a própria história sobre a evolução da sua vida, obstáculos e preconceitos. A performance aumentou as suas hipóteses de um top 10, algo ambicioso para um país do Big 5, mas o poder vocal ainda se encontra com graves problemas. Neste momento, é provável que seja a maior discrepância entre as apostas e os resultados finais. Ou talvez seja a maior surpresa.
2.º – Suécia – “Too Late For Love”
O sentimento que fica em relação à Suécia todos os anos é de sobrevalorização, por ser um dos países mais competitivos todos os anos, mas que não se diferencia do tipo de música que faz. Fora da Eurovisão tem uma indústria musical gigante. “Too Late For Love” subiu ao top 3 de forma inesperada pela qualidade, mas esperada pelo país que ela representa. A faixa não terá dificuldade em qualificar-se para a final, pois o excelente histórico do país terá peso na pontuação e, mais uma vez, o júri será convencido pela produção musical. Ainda assim, a canção não acrescenta nada de novo.
1.º – Holanda – “Arcade”
Depois do tema festivo que foi “TOY” no ano passado, a Eurovisão mostra-se um concurso de pontuações e gostos musicais instáveis. Este ano, a preferida é uma balada sobre um possível amor perdido vinda da Holanda, sendo que a última vitória do país foi em 1975. “Arcade” retrata uma fase mais complicada do cantor, com uma produção excelente que apela ao sentimento. As apostas não costumam prever o vencedor tão cedo, mas a Holanda mantém-se no primeiro lugar desde a apresentação da música. A canção é, de facto, uma das mais tocantes dos últimos tempos, mas a escolha do cenário pode ter um impacto negativo.