Uma das bandas mais marcantes da história viu em 1975 o lançamento do seu quarto álbum. A Night At The Opera reúne muitas das músicas mais conhecidas dos Queen e vários estilos de música, que vieram a provar a versatilidade e singularidade do grupo.

Num ano em que Queen se tinham separado do seu primeiro manager, Norman Sheffield, “Death on Two Legs (Dedicated to…)” é vista como uma “carta de ódio” para este. Por isso, o parêntesis “(Dedicated to…)” está presente como uma referência a Sheffield. Dado esta circunstância, a faixa carateriza-se pelo uso corrente da guitarra elétrica, que lhe dá um cariz violento e transmite o sentimento de “raiva” que a banda sentia para com o manager. A própria letra é também um reflexo disso, pois nomes e expressões depreciativas são usados muitas vezes.

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Em contraste com o Rock e cariz violento da anterior, “Lazing on a Sunday Afternoon” apresenta um ritmo muito mais alegre e agradável. É uma canção mais curta que conta a forma como um “homem banal” passaria a sua semana, onde a tarde de domingo seria a melhor parte dessa semana e o dia que mais ansiava.

“I’m in Love With My Car” é uma das faixas escritas pelo baterista, Roger Taylor. Inicialmente, e principalmente o guitarrista Brian May, pensava que a música era uma piada por ser sobre carros. No entanto, rapidamente teve sucesso e tornou-se um dos temas mais caricatos da banda.

O baixista John Deacon deu o seu contributo a A Night At the Opera escrevendo “You’re My Best Friend”, onde fala sobre a sua esposa, com quem casou em 1975. Repete a frase “you make me live”, mostrando a felicidade que Deacon sentia, e como este amor o inspirou a fazer esta música. É, assim, muito agradável pois transmite uma energia muito positiva e alegre.

A próxima faixa conta a história de uns astronautas que se voluntariaram para ir para o espaço no ano 1939, dando precisamente o nome à canção, “’39”. A viagem destes astronautas acaba por não ter sucesso, deixando as suas famílias para trás. O tema poderá ser explicado pelo facto de Brian May ter um curso em astrofísica e se interessar por temas futurísticos que contem histórias passadas noutra realidade. Por isso, a faixa apresenta um tom nostálgico e pessoal.

“Sweet Lady” é sobre uma discussão entre um casal. A primeira parte da letra mostra o ponto de vista da mulher e a segunda parte o ponto de vista do homem. Dado este tema, o ritmo da faixa consegue transmitir a tensão existente numa discussão. Nomeadamente a última parte, que adquire uma velocidade mais acelerada e nervosa, representando o pico de uma discussão.

Em contraste com a anterior, “Seaside Rendezvous” é mais alegre. O seu ritmo é caraterístico dos tempos antigos, nomeadamente dos anos 30. É cantada por Freddie Mercury e Roger Taylor, e usam as vozes para imitar diferentes instrumentos, oferecendo um ritmo caricato à música. Rendezvous é uma palavra francesa que significa encontro íntimo com uma pessoa, por isso, neste caso, Mercury demonstra o gosto que tem em ter rendezvous à beira-mar.

A próxima faixa é a mais longa do álbum, sendo que dura oito minutos. “The Prophet’s Song” é sobre a história da Arca de Noé, por isso tem várias referências ao primeiro livro da Bíblia, Genesis. No entanto, é uma parte que surge a meio da canção que realmente a torna única. Freddie Mercury canta acapella, usando efeitos de eco e de panorâmica stereo. Há frases que se ouvem totalmente a partir da esquerda e outras totalmente a partir da direita, portanto o uso de auriculares stereo proporciona uma audição muito mais proveitosa desta faixa.

A relação de Freddie Mercury com Mary Austin está presente em “Love of My Life”, sendo que o cantor se referia a ela como o amor da vida dele. No entanto, quando Austin descobriu que Mercury era bissexual, a relação terminou. Com esta canção, Freddie pretende mostrar a gratidão e o carinho que sente por Mary Austin. Apesar da sua sexualidade, confessa que nunca vai deixar de a amar.

“Good Company” é outra das faixas que foi escrita por Brian May, e é a única do projeto onde Freddie Mercury não participa. May fala sobre os seus amigos e família, acreditando que são boa companhia. Por isso, defende que se deve estimar essas pessoas e mantê-las por perto.

Uma das canções mais conhecidas da banda integra este quarto álbum dos Queen e é “Bohemian Rhapsody”. O primeiro single do projeto é marcado pela sua peculiaridade e pelos múltiplos significados implícitos na letra. “Bohemian” refere-se a um grupo de artistas do século XIX que quebravam as convenções e viviam sem regras. “Rhapsody” origina do grego e refere-se a peças de música clássica que estão divididas por secções distintas. Com isto, pode considerar-se que “Bohemian” refere-se à atitude dos Queen ao ambicionarem destacar-se dos restantes artistas, e “Rhapsody” pode significar o facto de ter referências a muitos assuntos e situações da vida dos Queen, tudo numa só faixa.

O último tema do álbum é apenas um cover instrumental, com guitarra elétrica, do hino britânico “God Save The Queen”. Normalmente, os Queen tocavam esta música no fim dos seus concertos.

No geral, A Night At The Opera é um projeto muito forte da banda. Simboliza também muitos dos acontecimentos que afetaram os membros da banda, mas que também serviram de inspiração para algumas músicas. A sua variedade de temas e estilos torna este projeto muito agradável de ouvir e prova o potencial dos quatro artistas membros de Queen.