A pisar o palco do Forum Braga pela primeira vez, Rui Veloso esgotou sala em prol da solidariedade.
No âmbito das comemorações oficiais do Dia da Europa, que este ano se desenrolaram na cidade de Braga, Rui Veloso atuou, esta quinta-feira, no Forum Braga. Numa casa esgotada, cuja receita reverteu integralmente para o projeto Geração Tecla, da Cruz Vermelha Portuguesa de Braga, o cantor revisitou muitos dos seus grandes êxitos – hinos intemporais entoados por toda a assistência.
Os célebres acordes de guitarra do músico deram início a uma noite repleta de sorrisos estampados que refletiram as emoções e a alegria sentidas pelo público multigeracional. Para uns foi o reviver dos saudosos tempos de infância ou adolescência. Para outros, uma inesperada e feliz descoberta. Com tantos anos de carreira, Rui Veloso provou, esta quinta-feira, que ainda consegue cativar.
Dono de algumas das mais conhecidas baladas portuguesas, foi com elas que o cantor optou por abrir a noite. “Já Não Há Canções de Amor”, “Porto Covo”, “O Prometido é Devido” e “Sei de Uma Camponesa” deram o mote ao espetáculo. Mas quem pensava que iria assistir a um concerto “tranquilo” enganou-se redondamente.
Eclético como lhe é característico, o músico, adepto de blues, rapidamente passou de um estilo mais folk, com uma revisita a “Ai Quem Me Dera a Mim”, para o groove com o famoso “Trolha D’Areosa” do álbum “Mingos e os Samurais”. Há álbuns que não ganham uma ruga e “Mingos e Samurais” é um deles. A adesão do público comprovou isso mesmo.
A plateia que, no princípio, discretamente acompanhava cantando ou abanando cabeça, dificilmente se manteve quieta nas cadeiras, contorcendo-se para não se levantar para dançar – o que acabou por acontecer.
Havia que abrandar o ritmo do concerto com o regresso às baladas, desta vez mais recentes como “Primeiro Beijo” ou “Jura” e, literalmente, brindar à vida com um típico vinho tinto. A intensidade cresceu novamente ao pronunciar “quem vem e atravessa o rio” do mítico “Porto Sentido”.
Mas nem as sonoridades mais tradicionais fugiram a esta noite de revisita de quase 40 anos de carreira do artista. “A Gargantilha” e “Guadiana” colocaram o enfoque em dois instrumentos tão portugueses quanto o acordeão e o adufe.
Rui Veloso sabe como ninguém passar de um estilo musical ao outro, sem nunca desvirtuar nenhum deles. O músico não seria ele se depois das baladas, depois do blues, depois do tradicional, não presenteasse o público com o seu intrépido e irreverente rock.
Afinal, o artista é o apelidado “pai do rock” em Portugal e “Chico Fininho” não podia deixar de marcar presença nesta noite. O tema acompanha Rui Veloso desde o lançamento do álbum “Ar de Rock”, em 1980. Quando a energia estava no auge, cantor e banda abandonaram o palco. Mas o público ansiava por mais e fê-lo saber. Rui Veloso voltou para a alegria dos presentes, que puderam soltar as suas vozes, em uníssono, sobre os incontornáveis temas “Não Há Estrelas no Céu” e “A Paixão (Segundo Nicolau da Viola)”.