Pela primeira vez, a cidade bracarense é palco do Festival Política. O objetivo do evento é fomentar o espírito democrático e coletivo e combater o fosso entre os representantes e os representados.

O comissário europeu Carlos Moedas abriu, esta quinta-feira, o Festival Política em Braga, no Gnration, com uma conversa com os cidadãos para discutir a Europa. Filmes, música, arte, debates e atividades em torno da UE, num evento que termina domingo.

Com as Europeias à porta, Carlos Moedas diz que “as pessoas sabem pouco sobre a UE, mas que a culpa não é delas”, uma vez que a UE foi “criada e construída com uma complexidade difícil de explicar”. Para o comissário, a questão do Brexit “são quase 20 anos a dizer mal da Europa” e acrescenta que “a política é também ter coragem de fazer o que é preciso fazer”.

Na perspetiva de Carlos Moedas, a política “não deu o salto” para as novas plataformas de comunicação e, por isso, a UE precisa de traduzir aquilo que é a Europa para uma linguagem mais simples para o mundo de hoje. O comissário acredita ainda que o maior desafio nos próximos anos é a ligação entre o mundo digital e a instituição política, pois a “democracia não é rápida e não pode ser”.

No que diz respeito ao Programa Erasmus, Carlos Moedas defende que o objetivo é que todos participem, sendo que “devia ser obrigatório não estudar e fazê-lo na mesma”. A Europa Cultural foi criada pelos jovens “que já não veem limites, fronteiras e que vão de Erasmus” e essa iniciativa “fá-los crescer muito mais”.

O comissário europeu mostrou ainda uma preocupação com o populismo vivido na Europa. Em períodos de crise, as “pessoas sentem-se postas de fora e desesperadas” e os partidos populistas “chegam com as soluções e os discursos mais rápidos. “Vivemos num momento de medo. Medo do imigrante, do refugiado, da diferença”, acrescentou.

Carlos Moedas considera ser “de uma inconsciência brutal” recusar refugiados, uma vez que “fazem parte da nossa história”. Sustentou a afirmação com um exemplo histórico: “Quando o Hitler expulsa os judeus da Alemanha há uma carta para todos os países para saber onde é podiam receber esses judeus. Recusaram receber estas pessoas. Morreram todas. Este foi o preço a pagar”. Assim, afirmou que “a Europa voltou a falhar”.