Antes do concerto, em ambiente descontraído, Dandy Lisbon falou-nos do seu percurso até aqui. Em entrevista ao ComUM, o artista abordou o público estudantil, a carreira e os projetos para o futuro.
O ComUM esteve à conversa com Dandy Lisbon, um DJ em ascensão que tem presença no mundo da moda e já foi jogador de futebol. Pela primeira vez a pisar o palco do Enterro da Gata, a noite aqueceu com a energia do artista, sendo que as suas músicas preencheram a madrugada de sexta-feira.
ComUM: És conhecido no mundo da moda, dedicas-te agora à música. O que é que te faz criar em diferentes formas de arte?
Dandy Lisbon: Fogo, tanta coisa. Sei lá. Acho que, hoje em dia, na zona onde estou inserido, a moda e a música é uma junção. Consegui trazer isso hoje para os palcos, a imagem, juntar a música, a maneira de tocar. Tudo isso faz com que marque alguma diferença, não é? Consigo encontrar uma ligação entre estes mundos. Eu antes de ser DJ já trabalhava com moda e sempre gostei de ouvir música. Por ver outros continentes sempre a investirem na imagem, achei que Portugal precisava disso, apesar de ainda não se ver muitos DJs a usar essa imagem e a fazer a junção moda-música. Se calhar, sinto-me privilegiado por ser um dos pioneiros e estou a gostar. Esse é o caminho.
ComUM: Uma lesão roubou-te o sonho de brilhares no mundo do futebol. Que impacto teve isso no artista em que te tornaste?
Dandy Lisbon: Vocês estão bem informados (risos). Sabes que a vida nos reserva muitas surpresas. O mais engraçado nisto é nunca perdermos a esperança, agarrarmos com força, que foi aquilo que eu fiz e nunca desistir dos meus objetivos. Chegar a este ponto hoje da música e nunca imaginar que podia depois do futebol ser DJ. É coisas que acontecem e, felizmente, está a correr bem. Nunca esperei quando jogava à bola ser DJ, apesar que muitos futebolistas continuam a consumir as suas músicas mas nunca para ser DJ. Hoje já se vê jogadores DJs e graças a Deus correu bem, pelo menos aqui no meu país, Portugal, está a correr super bem. Foram coisas inesperadas que acontecem e eu agarrei com tudo e estou super feliz por isso.
ComUM: Se te dessem a escolher entre moda, futebol e música, qual escolhias?
Dandy Lisbon: Agora neste momento? Que pergunta difícil! Eu adoro futebol, apesar de hoje não ver o futebol como antigamente, eu vejo os grandes jogos, sou capaz de me agarrar a um bom jogo, não a qualquer jogo de futebol. Mas depois de vir para a música… que pergunta difícil! Eu adoro música, estou a adorar, estou a conhecer uma nova etapa da minha vida, outras pessoas, outro mundo que não estava à espera, apesar do futebol me dar essa experiência e é quase igual. O futebol é uma coisa à parte e a música também, não consigo ver essa junção. Uma junção, sim, se calhar universal a nível compatível, amoroso, que faz bem e é bom para todos nós. Mas é um mundo mesmo à parte, só quem passou por isso e sente como eu passei é que sabe explicar essas coisas. Mas é difícil, ao mesmo tempo é muito difícil, mas estou a adorar, a música adoro. Estou a adorar este trajeto.
ComUM: O que sentes ao saber que vais pela primeira vez subir ao palco do Enterro da Gata?
Dandy Lisbon: Era mais fácil te dizer se calhar… não vou estar a tirar muito protagonismo à minha volta, mas não esperava que as coisas acontecessem tão rápido. Às vezes, nós estamos dentro dela a trabalhar e estamos a evoluir constantemente. Eu próprio tenho um dos meus melhores amigos, muitos deles ou poucos são grandes DJs. Recebo muitos conselhos dessa parte e eu quando estou dentro deste ramo que é a música… por exemplo, temos hoje aqui um grande amigo meu que é o Jeff, que me dá muitos conselhos e, sinceramente, ele é das pessoas que se calhar, muitas vezes, acreditou em mim. “E faz e acontece e vai e faz assim”, mas eu não esperava que as coisas acontecessem assim tão rápido.
Hoje estou aqui, estou feliz por estar, vou fazer tudo por tudo para não desiludir. Tive no Porto na Queima das Fitas na semana passada, adorei. Foi demais e hoje é mais um dia. Confesso que não estou nervoso. Acho que a experiência, lá está, do futebol, faz com que a maturidade também venha ao de cima e a experiência pelos anos que passei no desporto. Nós quando acusamos a pressão de 50 mil pessoas, 100 mil num estádio, e aí é pressão a sério e se calhar muitas vezes pela negativa, acho que aqui é diferente. Lá está, estamos aqui hoje.
ComUM: Qual é a sensação de ver milhares de jovens a vibrar com o nosso trabalho?
Dandy Lisbon: Ainda há pouco tive esse momento, por acaso, com o Jeff. É engraçado porque nós não estudamos (risos). Gostava de ter vivido esse momento mais vezes. Hoje, se calhar, valorizo mais. Antigamente se calhar tinha aquele sonho de jogar futebol e deixei de estudar muito cedo para me singrar no futebol, coisas que não aconteceram por outras razões, mas dou muito privilégio a que vocês continuem a estudar porque deve ser das melhores coisas do mundo. Mas eu confesso que no meu tempo eu não cheguei à faculdade. Acho que é das coisas mais maravilhosas do mundo, vocês partilharem estes momentos, ver os músicos que vocês gostam, curtirem as músicas, curtirem a juventude. E a minha juventude, praticamente, não curti, foi sempre a trabalhar, foi sempre à procura do melhor para a minha vida, para a estabilidade.
ComUM: E agora? Quais são os seus projetos para o futuro?
Dandy Lisbon: Projetos para o futuro? A nível musical, estou a trabalhar em projetos de fazer músicas novas, tenho algumas mix stage, tenho alguns edits. Lá está, eu sempre fui uma pessoa de ouvir pessoas que percebem de música e, graças a Deus, tenho amigos ao meu lado que me dão muitos conselhos e que hoje consegui pôr isso em prática, com muita ajuda deles. Estou neste ramo há pouco tempo como profissional e estou a adorar. Cada dia é uma aprendizagem, cada dia que passa quero mais e estou a amar. Depois, tenho a minha junção de moda com música, em que estou a criar a minha própria coleção que vai sair em breve. Algumas coisas vou deixar em segredo, mas está para breve lançar aí uma marca com o meu nome.