Ted Bundy, um dos mais temíveis serial killers da história dos EUA, é protagonizado por Zac Efron no mais recente filme de Joe Berlinger intutulado “Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile”.
Peço-vos que imaginem um homem alto, esbelto, charmoso, com um sorriso sedutor, um vocabulário carismático e uns olhos misteriosos. Já está? Muito bem, agora atribuam-lhe uma madeixa de tarado sexual, um odor de assassino em série, um toque sádico e um piscar de olho perverso. Conseguiram desenhar um esboço? Demasiado ténue? Bom, esqueçam! Imaginem o Ted Bundy!
Para aqueles que desconhecem a sua desumana existência, explicarei de modo extremamente perturbador e chocantemente simples: Ted Bundy foi um dos mais ferozes assassinos em série nos EUA, acusado de matar mais de trinta e cinco mulheres durante a década de 1970.
Joe Berlinger decidiu trazer este extremamente cruel e chocantemente desigual caso judicial para a ficção, atribuindo destaque à visão de Elizabeth Kloepfer, esposa de Ted Bundy, e, logicamente, ao próprio Ted. No entanto, a construção do ego de Ted Bundy é complexa, marcada pela persistente negação dos seus crimes e a expansividade em se expressar que contrastam com a verdade. Há, por isso, da parte do espectador um confronto entre a personalidade amigável e homicida do protagonista.
Zac Efron está extremamente detalhado e chocantemente semelhante no papel de Ted Bundy. Para além das correlações físicas e da construção do figurino, o discurso e os movimentos revelaram um minucioso trabalho de pesquisa e posterior treino de reprodução. Lily Collins, no papel de Liz, a esposa de Ted, teve um contributo indispensável na criação de uma aura dramática ao filme. Liz espelha a depressão, fruto de um sentimento corrosivo de culpa, dúvida e arrependimento perante o escândalo mediático.
Gostei particularmente dos primeiros planos escolhidos para numerosas ocasiões, com finalidades distintas e do desenrolar do novelo narrativo. Destaque para a cor amarela, uma decisão estética extremamente subtil e chocantemente frequente, que marca um interessante compasso de ação.
Posto isto, desenganem-se os espíritos céticos que duvidam da possibilidade de ter o melhor dos dois mundos: a beleza e intelecto, que desperta um suspiro de atração nas mulheres, aliado ao desequilíbrio mental, que provocou o último suspiro de um extremamente agressivo, chocantemente brutal e vile número de mulheres, entre elas uma menina de 12 anos. Ao que parece a Hannah Montana recorreu a factos históricos quando escreveu a música “The best of both worlds”. E é assim que se arruína o conceito de um hit juvenil do Disney Channel! De nada!
Título original: Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile
Argumento: Elizabeth Kendall
Realização: Joe Berlinger
Elenco: Lily Collins, Zac Efron, Angela Sarafyan
EUA
2019