O Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho não atua na Serenata deste ano. A falta de um acordo financeiro entre o grupo e a AAUM é a razão. Em forma de protesto, o GFSUM marcou uma serenata alternativa.

A próxima noite de sexta-feira não vai contar com a habitual atuação do Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho (GFSUM), sendo a Tuna Universitária do Minho (TUM) o grupo cultural substituto. A Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) não aceitou o valor proposto pelo grupo para a atuação deste ano. O GFSUM marcou uma serenata alternativa, no Rossio da Sé, em forma de protesto.

Em comunicado enviado este quarta-feira, após o anúncio da atuação da TUM na Serenata, o GFSUM acusa a AAUM de “falta de respeito por uma tradição anterior à própria UM”. Há 17 anos que atuam na noite da Serenata da UMinho.

Em 2018, o GFSUM decidiu retirar-se do Plenário de Grupos Culturais da Universidade do Minho (PGCU), deixando de receber os subsídios da AAUM e dos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho (SASUM), e começou a cobrar pelas atuações. “Não estávamos a concordar com o rumo que aquilo estava a tomar e a nossa disponibilidade não era muita”, explicou Pedro Paredes, presidente do Grupo de Fados, ao ComUM.

“Nós mantivemos a nossa posição em relação ao ano anterior e reforçamos que os preços que fazemos à AAUM até são abaixo dos que costumamos praticar. A resposta deles foi que não aceitavam as nossas condições”, acrescentou.

A AAUM lançou, também, um comunicado que explicita que “a direção da AAUM comunicou ao GFSUM a vontade de contar com a presença deste grupo na Monumental Serenata da presente edição do Enterro da Gata. Sem surpresas, porém, as exigências impostas foram as mesmas, decidindo a direção da AAUM embarcar por novas soluções”.

Questionado pelo ComUM, Nuno Reis afirmou que existiu a possibilidade de contratar um grupo de fados exterior à academia, não levando a cabo esta ideia por ser vontade da AAUM manter a tradição dentro dos parâmetros da academia minhota. “Quisemos também que existisse uma atuação que, eventualmente, pudesse ser coordenada com diferentes grupos culturais. Por uma questão de tempo para a preparação da atuação, acabamos por ter de designar a atuação apenas a um grupo exclusivo, a TUM, por ser a tuna mais antiga e porque também foi a primeira a demonstrar-se disponível para fazer esta atividade”, explicou.

Segundo Pedro Paredes, o problema principal é a falta de um grupo de fados na noite que inicia as festividades do Enterro da Gata, considerando o convite a uma tuna descabido. “Considero possível o regresso, claro. As direções da AAUM vão mudando, a instituição fica. A verdade é que uma direção é sempre transitória e é pena que se tenham achado donos de uma tradição que existe há décadas e que tenham mudado completamente o paradigma do simbolismo da atuação da Serenata”, afirmou o presidente do GFSUM.

Nuno Reis também considera o regresso do GFSUM à Serenata como uma boa hipótese, não deixando, no entanto, o seu descontentamento de lado. “Não estamos, nem nunca podemos estar reféns das condições que o Grupo de Fados nos impõe, até porque nós sempre tentamos cumpri-las e, acima de tudo, acho que partirá principalmente do GFSUM querer ou não voltar a criar uma relação institucional com a academia”, reforçou o presidente da AAUM.