Depois de quase quatro horas de espetáculo, olhamos para os prós e contras de uma das edições mais problemáticas dos últimos anos. Em 2020, voltamos à Europa Ocidental, onde Amesterdão deverá ser a próxima paragem.
A Holanda é a grande vencedora do Festival Eurovisão da Canção 2019. O país recolheu um total de 492 pontos junto do público e do júri. As casas de apostas previram, desde o início, o vencedor desta edição e em 2020 rumamos até território holandês.
O que melhor marcou a Grande Final
A música, em primeiro lugar. Embora não tenha sido o melhor ano em termos qualitativos para o maior programa de música do mundo, ainda assim, na correria de 26 apresentações, esta foi uma edição com muita diversidade musical: Pop, Heavy-Metal, Ópera, Música Étnica e até Disco. O palco não resultou tão mal como o previsto, embora alguns ângulos não tivessem sido a melhor opção.
A ideia de trazer figuras que marcaram edições do passado para os interval acts, como Eleni Foureira, Mans, Verka e Conchita, é uma ideia inteligente: gasta-se menos dinheiro e responde-se da melhor forma aos fãs, que gostam sempre de rever quem já pisou aquele palco. A presença de Madonna e Gal Gadot internacionaliza o concurso, mas já está prometido um American Song Contest nos Estados Unidos para 2021/2022. A presença de Madonna custou mais de um milhão de euros, mas a cantora respondeu às expectativas, protagonizando um dos melhores momentos da noite com uma performance de grande escala.
Alguns dos países mais “oprimidos” voltaram em peso e com boas colocações. Destaca-se a Macedónia do Norte, que passou de um dos piores países em competição para o segundo favorito do júri. Ainda assim, a vitória holandesa foi o auge da noite com a atribuição do prémio à música que sempre foi cotada como a melhor do ano.
Algumas notas negativas para esta edição
A sobrevalorização da Suécia por parte do júri é recorrente e existe sempre a promessa da sétima vitória. Felizmente, enquanto houver televoto, há quem modere o pódio. Em relação ao caráter apolítico do concurso: Montenegro dá os 12 pontos à Sérvia, Grécia e Chipre trocam entre ambos, os Nórdicos entreajudam-se ao mesmo tempo que o televoto português dá (quase sempre) os maiores pontos a Espanha, inclusive este ano. É necessário criar mecanismos que limitem os favorecimentos e a diáspora no concurso.
O período áureo de Portugal acabou. De entre os 17 participantes na primeira semifinal, já é público que Portugal se posicionou no 15º lugar. O “rapaz do futuro”, Conan Osíris, não convenceu a Europa, que o iludiu desde o início com um favoritismo que Portugal nunca costuma conhecer na Eurovisão.
Até agora, os pontos do público eram anunciados por ordem crescente. Este ano, os valores foram anunciados pela ordem em que o júri votou, começando pelo país menos valorizado até àquele com melhor pontuação. Este novo sistema de divulgação dos pontos mostrou-se mais confuso e inoportuno, criando incoerência entre o anúncio dos números.
Bónus: a caminhada (política) até à Eurovisão 2019
O número provisório de países participantes era de 42, até que a Ucrânia anunciou o seu afastamento desta edição. “Tenho uma pergunta desconfortável para ti: a Crimeia faz parte da Ucrânia?”, perguntou a jurada ucraniana, que já tinha vencido a Eurovisão em 2016, àquela que seria a representante do país nesta edição. Este momento político, aliado ao facto de a cantora ter vários fãs na Rússia, levou o canal ucraniano a abandonar a competição.
Desde a vitória de Israel, em maio de 2018, que o concurso parecia estar condenado pela instabilidade que se atravessa no país. Várias organizações apelavam ao boicote do programa como forma de protesto, ao mesmo tempo que cresciam as desconfianças face à capacidade de o país acolher milhares de turistas. O plano avançou… com vários problemas técnicos e insatisfação.
Este será também lembrado como um dos anos mais fracos a nível de organização. Várias delegações queixaram-se de problemas que puseram em causa as atuações, problemas de luz e som, ausência de adereços combinados e o reconhecimento, por parte do canal, dos problemas em palco.