O Forum Braga encheu-se ao som de Quim Barreiros. O músico entusiasmou os estudantes da academia minhota que, na última quarta feira, cantaram e dançaram ao som das suas músicas.

O quinto dia do Enterro da Gata foi marcado pela atuação de Quim Barreiros. Os Kalhambeke abriram o palco exterior do Forum Braga, mas a atuação principal foi entregue a uma das figuras mais importantes da música popular portuguesa.

Antes do concerto, Quim Barreiros confessou o orgulho que sente em atuar – como já é costume – no dia do cortejo académico. Em entrevista ao ComUM, o artista falou do público estudantil, da carreira e dos netos.

Quim Barreiros

Ana Patrícia Ferreira / ComUM

ComUM: Há muitos anos que é presença assídua nas festas académicas. Sendo natural do Minho, sente que o público estudantil minhoto se distingue dos restantes?

Quim Barreiros: A juventude é toda igual. Bebe-se umas cervejinhas, a malta vem para aqui para se divertir. Toda a gente canta, toda a gente dança, é o vosso dia. Não noto diferença. A malta do Porto, a malta de Barcelos, a malta de Braga, de Coimbra, de Lisboa… Quem é que não gosta de “O melhor dia para casar”? [risos].

ComUM: Qual das suas músicas gosta mais de cantar? E menos? Porquê?

Quim Barreiros: Gosto de várias, mas como já sou velho gosto da “Bacalhau à portuguesa” [risos]. Agora, a que gosto menos não tenho certeza. Quando canto não é uma questão de gostar, mais ou menos, eu gosto de todas. Não vejo diferença entre “O Bacalhau”, “A Cabritinha”, “O mestre da culinária” ou “A garagem da vizinha”.

ComUM: Prefere atuar em Portugal ou no estrangeiro?

Quim Barreiros: Quando atuo no estrangeiro, atuo para a nossa comunidade. E quem é a nossa comunidade? É o teu primo, é o teu tio que emigrou… Portanto, é gente da nossa. Como tal, não é uma festa académica, mas no estrangeiro também aderem com muita alegria e saudade!

ComUM: Costuma ser muito abordado por fãs?

Quim Barreiros: Já fui, já fui… Agora, com a idade que tenho, já sou avozinho, já sabes como é [risos].

ComUM: É conhecido por ser acelerado e sem papas na língua. O que o deixa envergonhado e sem jeito?

Quim Barreiros: Isso sou, hiperativo! Fico atrapalhado quando digo alguma coisa que não soa bem, quando faço alguma asneira, no trânsito, por exemplo. No palco, a gente disfarça sempre. A experiência é tanta. Isto é como um dia na vossa profissão, depois de estarem lá uns anos, qualquer erro é tapado. Se não sou eu a tapar o buraco, há um músico meu que se apercebe e avança.

ComUM: É verdade que se alguém ligar para o número que aparece na sua página oficial e nos seus CD’s, é o próprio que atende?

Quim Barreiros: Sou sim! Falo com toda a gente. Aquilo é um número de trabalho. Não tenho empresários, nem nunca tive. Trato diretamente com as pessoas. Quando vejo que é brincadeira, desligo e quando o mesmo número insiste muitas vezes, bloqueio logo. Há muitos abusos, malta que às vezes bebe uns copinhos e telefona a qualquer hora da madrugada. Eu bloqueio o número e acabou.

ComUM: Já alguma música sua foi mal recebida por alguém devido às letras com trocadilhos?

Quim Barreiros: Isso é sempre! Deus é Deus e não agrada a toda a gente. Eu tenho músicas que canto e que algumas pessoas não gostam, porque gostam de música clássica, de fado… Cada um é como é.

ComUM: Os seus netos entendem o duplo sentido das letras das suas músicas?

Quim Barreiros: Não ainda, não ainda. Em casa, não se fala muito no Quim Barreiros. Em casa, sou o avô.

ComUM: Gostava que algum dos seus netos seguisse a profissão do avô?

Quim Barreiros: Gostava, mas não é fácil! Cada um é para o que nasce. Não é fácil. O neto mais velho não quer saber, a moça quer mais saber de ballet. O mais pequeno até é capaz. Ele é assim mais para a palhaçada e tal, até é capaz… Mas ainda é muito cedo.

ComUM: Consegue fazer uma rima divertida para os estudantes da Universidade do Minho?

Quim Barreiros: Eu não sou nenhum improvisador. Sou capaz de fazer, mas tem de me dar tempo. Minho também não é difícil, rima com carinho, rima com amorzinho, mocinho. Não é difícil fazer uma rima, é fácil, mas eu não sou de improviso.