É a primeira vez que Silva atua no Enterro da Gata. A última noite contou também com a performance de Blaya.
Silva abriu o sétimo dia das festividades do Enterro da Gata. Antes da atuação, o intérprete brasileiro, em entrevista ao ComUM, revelou a boa relação que tem com o irmão mais velho, também músico, e confessou o seu amor pela gastronomia nacional.
O artista aqueceu uma das noites mais frias da festividade académica com o êxito “Fica tudo bem”.
ComUM: Tem alguma expectativa para o concerto de hoje? E em relação ao público minhoto?
Silva: Eu estou curioso, na verdade. Como eu nunca toquei numa festa universitária aqui, não sei o que esperar. Prefiro nem ficar pesquisando. Cada show é um show. Mas eu acho que vai ser uma surpresa boa.
ComUM: De todas as músicas que escreveu há alguma que tenha um significado mais especial para si?
Silva: Eu tenho. Sempre tenho no disco uma que pega mais, com uma história maior assim. A do meu último disco, a música que mais mexeu comigo durante o processo de gravação do álbum foi uma chamada “Prova dos Nove”, não é minha. É uma música que é de um compositor do Pernambuco e eu nunca tinha gravado ninguém assim, sabe? Alguém que eu não conhecia. A música foi parar na minha mão, uma amiga me mostrou e eu fiquei apaixonado. Gravei. E, até hoje quando a toco, choro. Não vou tocá-la aqui hoje no show porque ela é muito lenta. Mas é essa, a “Prova dos Nove”.
ComUM: O facto de ter um irmão no mundo da música influenciou-o de alguma forma a enveredar nesse ramo?
Silva: Basicamente, “Silva” somos nós dois. Ele é uma extensão minha. Ele escreve 95% das minhas letras que é uma coisa muito difícil. Achar pessoas para compor junto de você é muito difícil porque tem de te conhecer muito bem. Tem de saber o que você quer dizer, tem de conhecer quem você é, como você pensa. E meu irmão sempre foi muito meu amigo. A gente sempre foi os melhores amigos. Ele é seis anos mais velho que eu, mas a gente sempre teve uma relação muito próxima assim. Aquela coisa de imitar o irmão mais velho. Tudo o que ele fazia eu imitava, até o jeito que ele vestia. Hoje já somos bem diferentes, mas mantivemos essa amizade. Ele cuida da minha carreira, é meu empresário. Porque se não fosse assim a gente já tinha brigado há muito tempo. Meu irmão foi muito importante para mim, não só na música, como sempre me incentivou a ler mais. Sempre fui um leitor super preguiçoso e ele ficava dizendo que eu precisava de ler mais. Era um tutor cultural para mim.
ComUM: De todas as cidades em que já visitou em Portugal, o que mais gostou de ver e conhecer da nossa cultura?
Silva: Se eu falar comida, pode ser. Está valendo? [risos] Eu sou apaixonado pela comida. Que toda a vez que eu venho há sempre um momento que eu acho importantíssimo em que eu falo: “eae, onde a gente vai comer? O que vai ter de bom?” E fico impressionado com a diversidade. Aqui para o Norte tem muita coisa que eu não conhecia. Eu costumava ficar mais em Lisboa. E, eu já vejo que a gastronomia é bem diferente assim. Eu adoro vir para cá e comer.
ComUM: Como se vê profissionalmente daqui a dez anos?
Silva: Eu espero estar com saúde para aguentar a estrada. A estrada é uma coisa que realmente é muito puxada e a gente fica noites sem dormir, e ainda tem essa coisa do fuso horário. É bem cansativa. Espero estar bem disposto e sem perder o entusiasmo. Acho que essa é a coisa mais importante. Não perder o entusiasmo com isso tudo.
Cláudia Mendes e Pedro Serrasqueiro