O ComUM esteve à conversa com o artista que foi um dos cabeças de cartaz do terceiro dia de Enterro da Gata. A noite contou, ainda, com atuações de Samuel Úria e Rusted Sun.
Após a atuação da banda vencedora do concurso UMplugged – os Rusted Sun –, a noite aqueceu ao som de B Fachada. Em entrevista ao ComUM, o cantautor lisboeta comentou o estado da música em Portugal e revelou que, apesar de não se “comprometer com datas”, os fãs podem esperar algo para breve completamente diferente do que já publicou.
Sem alinhamento preconcebido, o espetáculo desta segunda-feira, segundo o artista, foi mais pessoal. “Camuflado”, “Não Pratico Habilidades” e “Afro-xula” foram algumas das músicas que o músico tocou.
ComUM: Apesar de já seres um nome reconhecido ainda não trabalhas com editoras. Porquê?
B Fachada: Consigo estar muito perto do topo da cadeia no meu próprio método de edição. Então, acaba por ser injusto para uma editora tentar fazer uma proposta que seja melhor do que eu editar os meus discos. Acaba por ser uma coisa muito mais direta e fácil. É claro que ao mesmo tempo eu tenho de ter mais responsabilidade no património, mas também sou mais dono do meu património.
ComUM: Qual é a tua opinião sobre o panorama da música em Portugal?
B Fachada: Acho que aumentou muito em quantidade [risos]. Acho que mudaram algumas coisas, mudou um bocadinho a maneira de cantar. Talvez a superfície das coisas tenha mudado um pouco, mas na prática ainda é uma música pouco enraizada.
ComUM: O teu último EP foi lançado em outubro de 2018. Contudo, não lanças um novo álbum desde 2014. Podemos esperar por um novo trabalho para breve?
B Fachada: Não me comprometo com uma data [risos]. Talvez em breve.
ComUM: Dentro mesmo estilo?
B Fachada: Não, tem de ser sempre inesperado. Vocês são novos e não se lembram dos discos todos, mas foram todos inesperados. É sempre uma característica essencial nos discos, têm de ser sempre o oposto do anterior. De alguma maneira é sempre o contrário daquilo que era suposto eu fazer. Foi sempre assim: um disco para crianças, um disco para adultos, um disco político, um disco romântico. Ora era mais simples, ou com distorção. Muito vazio, muito cheio.
ComUM: E o que está para breve?
B Fachada: Esta semana estreia o “Eléctrico” na RTP, um episódio que sou eu e o Sami [Samuel Úria]. Eu toquei o piano com um sintetizador. E, claro que, em princípio será esse o formato para se repetir no futuro.
ComUM: Já atuaste em diversos sítios, desde igrejas a festivais. Como é atuar numa festividade académica?
B Fachada: É uma questão de estar de corpo presente, tentar abstrair-me. Não ser automático. Num concerto eu não tenho alinhamento para evitar que seja automático. E, portanto, tento estar ao máximo de corpo presente e assim transformo o concerto num momento interativo o suficiente para se adaptar ao espaço. Por exemplo, já fiz muitas festas académicas quando era de Diabo na Cruz e era outro tipo de relação com a multidão. Neste caso eu estou completamente sozinho, por isso tento que seja algo mais pessoal.