As opiniões sobre o filme variam e muitos nem o consideram digno do género terror, ao passo que outros, que o viram pela primeira vez em criança, o lembram como uma obra capaz de tirar o sono. Considerado um dos melhores filmes do realizador M. Night Shyamalan, Sexto Sentido foi uma das obras que veio revolucionar o mundo do cinema no final dos anos 90.
Para aqueles que, como eu, só o viram anos mais tarde, não será um filme capaz de meter medo, mas conseguirá deixar qualquer um arrepiado. A narrativa tem como personagem principal um dos melhores psicólogos infantis, Dr. Malcolm Crowe, especializado em ajudar crianças solitárias, com dificuldades de integração e mesmo com comportamentos fora do normal. O filme move-se a um ritmo lento, sobretudo nos primeiros 10 minutos, mas logo o suspense acontece, quando um jovem, antigo paciente do doutor, entra na sua casa e o acusa de não o ter conseguido ajudar. O jovem, claramente perturbado, dá um tiro no psicólogo, suicidando-se em seguida.
No outono seguinte, o Dr. Malcolm Crowe tem um novo paciente, Cole, com 8 anos de idade, que apresenta problemas semelhantes ao jovem do início do filme. Isso motiva ainda mais o psicólogo, que por se sentir culpado do último caso e do final triste que dele resultou, quer a todo o custo ajudar Cole. Aos poucos introduz-se na sua vida e cria-se uma verdadeira amizade entre eles. Confiando no psicólogo, Cole revela-lhe o seu segredo: a sua capacidade de ver mortos. A partir desse momento também nós vemos os sujeitos que assombram Cole, entendendo finalmente os comportamentos estranhos do jovem, que não resultam de malícia, mas sim do medo que sente.
Achei a aproximação das duas personagens principais fascinante, já que vimos as técnicas utilizadas pelo psicólogo para criar cumplicidade entre os dois e conseguimos sentir-nos no papel do doutor, tentando, também nós, perceber o que pode estar de errado com este rapaz e como o ajudar.
A história não só surpreende como nos cativa durante toda a duração de O Sexto Sentido. Apesar de seguir um ritmo lento, o filme prende a nossa atenção, pois a cada momento acontece algo de que não estávamos à espera, no momento menos inesperado.
Os momentos em que também o público vê os mortos são especialmente arrepiantes, porque se parecem com pessoas normais e não com fantasmas. Do nada, e juntamente com Cole, levaremos um susto ao ver uma pessoa andar pela casa, que é na verdade um fantasma e que avisa a sua presença através de arrepios e de uma rigorosa descida de temperatura. Acima de tudo gostei que a história envolve-se pessoas que já morreram e mostrasse como continuam à nossa volta, por ser algo em que toda a gente já pensou. No final, os mortos que eram no início assustadores, são vistos como pessoas que apenas querem resolver os problemas que deixaram em vida, para partir em paz.
O facto de o tema ter como porta voz uma criança foi uma boa escolha, pois consegue-se um toque de inocência e falar de um tema como este de forma mais leve. Para além disso, o trabalho de representação do jovem que interpreta Cole foi brilhante e, apesar de algumas das cenas serem um pouco tontas, no geral, o filme surpreende pela positiva.
Ficamos também sentidos com os problemas de o doutor enfrenta, já que com o tempo que disponibiliza para o seu trabalho acaba por se afastar da sua esposa, que vê cada vez mais distante. Algo que me chamou à atenção foi a forma como o filme foi realizado, já que utiliza movimentos de câmara e ângulos pouco comuns, mas que funcionam muito bem no género. Um dos truques mais utilizados é mover a câmara em sintonia com o movimento da personagem.
O que mais me surpreendeu foi, sem dúvida, o fim do filme, que apesar de óbvio é algo em que nunca tinha pensado. Quando o plot twist acontece somos levados completamente de surpresa por algo que esteve sempre á nossa frente. É verdadeiramente incrível e atrevo-me a dizer que o final de O Sexto Sentido foi o que realmente me conquistou.
Título original: The Sixth Sense
Argumento: M. Night Shyamalan
Realização: M. Night Shyamalan
Elenco: Haley Joel Osment, Bruce Willis, Toni Collette
EUA
1999