William Shakespeare é ainda uma lenda nos tempos que correm. Hamlet, uma das peças mais conhecidas e aclamadas do dramaturgo,é uma obra imprescindível sobre a sociedade louca do século XVII mas que, no entanto, não deixa de ser também a sociedade atual.

Hamletfoi escrita entre 1599 e 1601 e terá tido a sua primeira apresentação no ano de 1609.Na história reinam a loucura, real ou fingida, o sofrimento, a raiva, a traição, a vingança e a moralidade (ou falta dela). É um trabalho brilhante, profundo e dramático, como seria de esperar de um dos maiores dramaturgos de todos os tempos.

William Shakespeare

William Shakespeare

O enredo gira em torno do príncipe Hamlet da Dinamarca. Após a morte do rei, pai do príncipe, o rei Cláudio toma posse do trono e casa-se com a recém-viúva Gertrudes, a rainha. Um dia, Hamlet descobre que fora Cláudio, o novo rei e seu tio, que assassinara o rei. A partir daí resume a sua vida a um plano de vingança que acabará com a mentira do tio e o incesto da mãe.

Quando se apercebem das atitudes fora do normal de Hamlet, os reis rapidamente alegam a loucura do príncipe. O rei Cláudio aproveita este facto para preparar a morte de Hamlet, no entanto, o plano falha e o drama acaba numa cena trágica e terrível.

As personagens da peça são na sua maioria criadas com o intuito de criticar socialmente os grupos a que pertencem. O rei Cláudio representa a traição e a ambição, disposto a matar até a própria família para ocupar-lhes o lugar, e a rainha Gertrudes representa a mulher fraca e infiel que, mal se torna viúva, casa-se logo com o novo rei para não ficar só nem perder a sua posição.

Rosencratz e Guildenstern, amigos de Hamlet, aparecem como falsos, desleais e hipócritas, uma vez que se fazem passar por grandes amigos do príncipe enquanto estão, na verdade, a trabalhar a favor do rei, cujos planos não eram favoráveis ao amigos dos dois cavalheiros. Por sua vez, Polónio, primeiro-ministro e pai de Laertes e Ofélia, acaba por mostrar ser traiçoeiro ao elaborar planos contra Hamlet. Por fim, Laertes, que parece ser um jovem honrado e justo, demonstra ser muito manipulável e falso, ao trabalhar em conjunto com o rei para matar o príncipe dinamarquês.

Por outro lado, há três personagens que se conservam quase como imaculadas durante toda a obra, como se Shakespeare os elevasse e protegesse de qualquer defeito: o príncipe Hamlet, o seu braço direito Horácio e a sua grande amada Ofélia. Hamlet aparenta ser a imagem do justo e digno governador da Dinamarca, como até o rival, Fortimbras, afirma no final “E que num alto estrado eles exponham/ Hamlet, como se faz com um soldado / Pois nele se viu bem que, posto à prova / Nos teria mostrado que era um rei”.

Horácio foi o único que, do inicio ao fim, se manteve fiel ao príncipe e o auxiliou com o seu plano, mesmo depois da morte. Já Ofélia é a imagem da virgem, pura e solene, que se mantém sempre fiel aos seus princípios e ao seu amor por Hamlet, sendo esse mesmo amor a causa da sua loucura e da sua morte.

Um enredo e uma história que, com o passar dos anos, se mantêm magníficos e intocáveis. Hamlet é a história de uma vida terminada antes do tempo, que desperta a morte para todos os que perto do leito de morte do rei habitavam. A escrita de Shakespeare, sempre correta e inspiradora, consegue prender o leitor ao drama, mesmo quase 500 anos depois de ter sido apresentado. Para além disto, a crítica à sociedade consegue ser ainda tão atual que é impossível a obra perder-se ou deixar de ser de uma leitura fundamental a todos.

Hamlet é uma história de vida e de morte, de alegria e sofrimento, de lealdade e traição que se mantém viva até aos nossos tempos. Uma das mais brilhantes obras do grande William Shakespeare, de leitura obrigatória a todos.