Lançado no dia 14 de junho, Western Stars é o mais recente projeto do cantor norte-americano Bruce Springsteen. Cinco anos após o último trabalho, High Hopes, o artista promete surpreender os fãs e todos os ouvintes com o seu 19º álbum, mas as opiniões divergem entre uma surpresa positiva ou negativa.

Apesar dos cinco anos parado, o cantor, mais conhecido como “The Boss” volta a encantar mais uma vez o público. Os fãs mostram-se maravilhados com o novo trabalho de Bruce Springsteen, de modo que chegam a comentar: “The boss nunca desapareceu”. Fora este encantamento por parte dos fãs, o disco foge muito ao estilo do cantor, não saindo, no entanto, da sua zona de conforto em nenhuma parte do projeto, o que acaba por torná-lo pouco interessante e chamativo.

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A primeira faixa do álbum é “Hitch Hickin’”. Trata-se de uma abertura chocante para quem está habituado ao estilo Rock do cantor, visto que Bruce Springsteen parece esquecer-se do seu estilo e enverga pelo Country. Apesar de ser um tiro falhado nas expetativas de muitos ouvintes, a canção é completamente solta, com um instrumental leve e estranhamente não acompanhado por qualquer guitarra. A voz do cantor também aparece com um brilho diferente, fora da zona de conforto, fora do Rock, parecendo que o artista parece se elevou a uma nova perspetiva de si próprio, mais calmo e suave. Será a aproximação dos 70 anos que o fizeram acalmar a veia do Rock para se tornar um espírito mais livre?

“Western Stars” dá o nome ao projeto do artista. Bruce Springsteen não esconde o seu amor pelo oeste, pela Califórnia, local onde foi buscar inspiração e pelo seu lado mais “cowboy”. Agora acompanhado pela guitarra, mas sem abandonar a calma presente em todas as faixas anteriores, o cantor mantêm-se no estilo Country e leva os ouvintes num passeio noturno para mais do que ver, para ouvir as estrelas. A voz surge ligeiramente mais apagada do que anteriormente, o que adensa ainda mais esta melancolia noturna e nos leva a imaginar um Bruce Springsteen já mais velho e maduro, no seu chapéu de cowboy, a descansar sob as estrelas da Califórnia.

O único single lançado antes do álbum foi “Hello Sunshine”. Com esta canção o artista já tinha dado a perceber que algo mudara, mas o que não se esperava era que a mudança se estendesse a todo o álbum. A faixa, tal como a primeira, é uma brisa suave no que é o trabalho integral. O instrumental com um ritmo constante e acertado faz mesmo lembrar um passeio de cavalo por uma grande planície do oeste. A voz do cantor continua suave, talvez um pouco arrastada desta vez, chegando a fazer lembrar os trabalhos a solo de Eddie Vedder.

Quando Bruce Springsteen afirmou que com Western Stars conseguiu “levar a música a outro nível” os fãs não esperavam, de todo, que esse nível fosse um estilo Country, o que fez com que as opiniões se dividissem. De facto, o trabalho acaba por ser uma reviravolta enorme e repentina na carreira musical do cantor.

Não deixa, porém, de ser um projeto interessante, mais leve, mais maduro, que convida o ouvinte a relaxar. Será talvez o álbum certo para se ouvir durante uma viagem de verão ou um passeio de bicicleta, mas não são, de todo, as típicas obras geniais de Bruce Springsteen. Para além disto, as canções parecem seguir todas quase a mesma linha melódica, sem nunca variar muito de intensidade ou tom, o que pode tornar o trabalho não tão interessante como seria desejado.