A primeira regra do Clube de Combate é não falar do Clube de Combate. Segunda regra do Clube de Combate é não falar do Clube de Combate. Ora, hoje decidi falar-vos um pouco do Clube de Combate. Entendam que estou a colocar o meu bem-estar físico numa situação delicada, em prol do vosso enriquecimento cultural e efémero entretenimento. Deixem lá, não têm de quê! Agradecem depois!

Um universo conturbado, contorcido e com o Brad Pitt. O narrador (Edward Norton) é uma mente acéfala dominada pela rotina da sociedade consumista que sofre de insónias e encontra conforto nos grupos de apoio. Tyler Durden (Bradd Pitt) é um espírito selvagem que salta barreiras comportamentais, rompe com o sistema económico e urina na carpete do destino da humanidade. Duas personalidades aparentemente imiscíveis, acabam por juntar o descontentamento do presente e a ambição do futuro numa panela, para fazer sabonete. Aos sábados andam à murraça, sem t-shirt, numa cave. Segunda-feira vão trabalhar com sangue na camisa, feridas na mão direita e o olho esquerdo inchado.

fight club

Numa palavra? Insolente. O argumento é rebuscado e toca, com o carinho de um murro, questões pertinentes que refletem a sociedade e criticam a mentalidade generalizada. O movimento “Fight Club” é um grito de emancipação. Representa a revolta de homens comuns perante o sistema capitalista. Tyler, o irreverente líder da revolução, o arquiteto da própria destruição, é uma projeção mental do narrador, aprisionado à convenção social e falta de liberdade.

Os tons escuros do cenário, o guarda-roupa desleixado, contudo ousado, a luz sombria e os efeitos sonoros ajudam a criar o universo selvagem e deformado, impecavelmente representado pelo elenco.  A adaptação da obra literária “Fight Club” de Chuck Palahniuk é dirigida por David Flincher e escrita por Jim Uhls.

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Uma descoberta no interior da complexa mente humana, sucumbida pelo pressuposto do sucesso e levada ao limite psicológico. Uma ilusão que promove a revolução, um confronto com a solidão e o ímpeto de individualidade. Um desafio à rejeição da civilização e ao abandono dos bens materiais.

O Clube de Combate, desculpem, quebrei a primeira… e segunda regra. Mas a terceira continua válida: quando alguém gritar “para”, eu paro. Peguem fogo às vossas casas recheadas de mobília do Ikea, comprem uma camisa às flores em segunda mão e vivam de nicotina e glicerina. Rapem o cabelo, lutem no parque de estacionamento nas traseiras de um bar e confrontem o propósito da vida. Pronto, descontrolei-me! O Tyler tomou conta das últimas duas frases. Já parei!