O futebol é um desporto que move multidões em todo o mundo. A forma como é tratado na imprensa explica a importância que possui. Hoje em dia, os jogadores que dão mais nas vistas são logo cercados pelo mediatismo. Basta destacarem-se e os media rodeiam logo o atleta.
Aqui, chamo ao de cima o caso de João Félix. O jovem português sempre foi rotulado como uma grande promessa do futebol nacional. No entanto, o mediatismo criado ultimamente à volta do jogador está a chegar a níveis estratosféricos. As notícias que surgem todos os dias, as possibilidades de transferência, o aumento de ordenado que aparecem em quase todas as capas dos jornais e as constantes comparações com Cristiano Ronaldo podem ter um efeito negativo no atleta de 19 anos.
Voltando um pouco atrás, Renato Sanches sofreu com esse mediatismo. Depois de uma temporada bastante positiva e de ter realizado um excelente Euro 2016, o atleta português começou a ser acompanhado de forma agressiva pelos media. Fazia capas de jornais todos os dias e o nome dele viajou pelos cantos do mundo.
As expectativas estavam demasiado elevadas quando foi contratado por um dos clubes mais poderosos do mundo. Não correspondeu e, agora, está a sofrer por causa do mediatismo que lhe foi dado. Para muitos, o jogador de apenas 21 anos está acabado para o futebol (sim, só tem 21 anos).
Com João Félix pode acontecer o mesmo. Apesar de serem jogadores diferentes e de, provavelmente, possuírem mentalidades e acompanhamentos distintos, o mediatismo causa mais pressão num jovem que só se devia preocupar em jogar futebol. As capas dos jornais, as constantes perguntas feitas pelos media e a frequente comparação com jogadores já consagrados fazem de Félix o jogador da moda.
Estando na ‘baila’, o nome do atleta, que se prepara para disputar a Liga das Nações, surgiu num debate de um programa de opinião desportiva. A pergunta levantada foi a seguinte: “Cristiano Ronaldo ou João Félix. Quem é melhor?”
Se existe forma de colocar pressão nos ombros de um jovem jogador, esta é a melhor maneira. Comparar Félix com um atleta que já conquistou tudo a nível individual e que coletivamente só lhe falta um Campeonato do Mundo não ajuda em nada no crescimento do jogador de 19 anos. Ronaldo é uma estrela à escala planetária. João Félix é uma promessa que tem de trabalhar para confirmar o seu potencial. Fim de discussão.
Porém, estes não são casos únicos. Portugal, no Mundial sub-20, ficou-se pela fase de grupos. Um conjunto de atletas de qualidade inegável não conseguiu superiorizar-se a seleções menos cotadas. A forma como trataram a participação portuguesa na prova e o mediatismo criado à volta de um grupo de jovens talentosos tiveram um efeito negativo no comportamento dentro do campo, passando de “bestiais a bestas”.
João Félix, Renato Sanches e a seleção sub-20 são casos de tratamento excessivo por parte da comunicação social em Portugal. A pressão criada à volta deles, se não for bem gerida, pode causar dissabores.