Mistério a Bordo: um filme com falta de sal

Mistério a Bordo conta-nos a história de um casal americano, Audrey e Nick Spitz, que depois de 15 anos de casamento decidem ter a tão desejada lua de mel na Europa. Chegam ao destino e acabam por se tornar, nada mais nada menos, do que os principais suspeitos pela morte do multimilionário Malcolm Quince.

Durante o voo, Audrey Spitz conhece o charmoso Charles Cavendish que convida o casal, em prol de aborrecer os noivos, para o casamento do tio Malcolm Quince a realizar-se num iate. Entre seguirem com o plano inicial de conhecerem a Europa de autocarro e viajar pelas águas do Mediterrâneo, os Spitz decidem prontamente aceitar a proposta de Charles.

No iate “Rainha do Mediterrâneo” encontram-se as pessoas mais próximas de Malcolm Quince. São elas: Suzi Nakamura — noiva e ex namorada de Charles; Tobias — filho; Charles Cavendish — sobrinho;  Juan Carlos Rivera — afilhado; Colonel Ulenga — amigo; Grace Ballard — amiga; e Maharajah Vikram — amigo. Em jeito de “boas-vindas”, Malcolm anuncia à família e amigos que por todos eles serem “sanguessugas repugnantes, cheias de sangue, a chupar na mama de todo o seu trabalho durantes os anos todos” que os tirará do testamento e que a sua noiva será a detentora total da fortuna. Após este fogoso discurso as luzes desligam-se e quando voltam a acender, Malcolm Quince jaz morto no chão com uma adaga espetada no peito. Após uns primeiros interrogatórios, Audrey e Nick, são considerados os principais suspeitas por serem os “outsiders”. O par romântico rapidamente apressa-se a tentar descobrir o verdadeiro culpado pela morte do multimilionário.

O crime tem pés e cabeça e o autor do ato não é a meu ver previsível (algo muito importante de salvaguardar), no entanto o filme acaba por ser um pouco monótono. A alternância entre cenas mais rápidas e outras mais suaves, traria ritmo ao filme e colaria muito mais a atenção do espectador à história. Apesar disso, o filme consegue ganhar pontos pela cumplicidade entre os dois protagonistas. Adam Sandler (Nick Spitz) e Jennifer Aniston (Audrey Spitz) têm bastante química, resultando muito bem como dupla, conseguindo até provocar-nos algumas gargalhadas.

Uma parte substancial do filme foi filmada em Itália e no Mónaco. Belíssimas paisagens das ruas pitorescas italianas, da costa francesa e do mar Mediterrâneo são nos apresentadas juntamente com músicas de origem italiana e francesa colocando o espectador no local e envolvendo-o na história. Já quase no final do filme uma inevitável  perseguição de carro acontece ao som de Shoot To Thrill dos AC/DC, trazendo-nos alguns planos interessantes e dando ritmo à cena.

As personagens e o crime em si são interessantes, porém, para uma obra cinematográfica que se diz ser de ação e comédia, é muito pobre nesses departamentos. Durante a maior parte da longa-metragem há falta de uma energia contagiante e a comédia podia ser mais trabalhada. No geral, o filme sabe a pouco.