Já todos conhecem a história de vida turbulenta de Elton John. Bem, se não conhecem, Rocketman vai tratar desse assunto. Com estreia nos cinemas portugueses a 20 de Maio, o filme retrata a vida do artista britânico nos bastidores.

Desde pertencer a uma família completamente instável, ao seu vício por drogas e álcool e constantes tentativas de suicido, a vida de Elton John não foi, de modo algum, um conto de fadas. O filme de Dexter Fletcher consegue retratar este lado violento da vida do cantor de uma forma tão intensa que transporta mesmo o espectador para a mente e para as dores do músico. No entanto, o filme, com cerca de duas horas, acaba por tornar-se também exaustivo ao focar-se em pormenores desnecessários durante demasiado tempo.

rocketman, 2019

É interessante o facto de ser o próprio Elton John a narrar a sua história quando está já na clínica de reabilitação. A própria ideia de começar o filme já, de certa forma, a meio, está muito bem pensada porque causa um impacto muito forte e diferente no público, que fica logo agarrado ao ecrã desde o primeiro momento.

Os cenários são por si também muito engraçados, apesar de não parecerem muito reais. Durante quase todo o filme fazem quase lembrar um musical da Broadway, com o jogo de luzes, as cores e os inúmeros figurantes que vão aparecendo e desaparecendo ao longo da história.

Taron Egerton é Elton John e tem uma performance muito fiel à personalidade e forma de estar do cantor britânico. No entanto, penso que a escolha do ator foi um grande falhanço! Taron Egerton é um ótimo ator? Sim, é. Desempenhou o papel neste filme de uma forma estupenda? Sem dúvida! E ainda mostrou uma voz incrível ao interpretar os temas. Mas e o realismo?! É um zero! O ator não tem a mínima semelhança com o músico, e mesmo com o grande esforço de caracterização, o objetivo foi um alvo falhado.

rocketman, 2019

A presença de efeitos especiais durante o filme é também enorme e nem sempre destacada de forma positiva. Em primeiro lugar, durante o concerto no Troubadour dá para perceber claramente a associação aos míticos saltos de Elton John, porém, o efeito torna-se exagerado e quebra um pouco a linha da história e o ambiente da cena. Outro efeito especial que poderia perfeitamente ser cortado, bem como o pequeno momento em que está inserido, é o efeito da piscina. É uma cena desnecessária que cria uma artificialidade estranha e indesejada.

O ponto que está melhor desenvolvido e que salva todo o filme é, sem dúvida, o guarda roupa. A exuberância das réplicas criadas daquilo que já eram fatos magníficos é espantosa. Há uma estranha fidelidade misturada com uma pequena modernização que, no entanto, não estraga. Claramente o fator que faz o trabalho ganhar mais pontos e classe.

Rocketman é, então, um filme bem pensado, tanto dramático quanto divertido, mas com vários momentos desnecessários. Trata-se de uma romantização da vida de Elton John. E a vida do cantor não precisa de ser romantizada, porque já é confusa e turbulenta que chegue só por si. No entanto, com o guarda roupa e a banda sonora, não deixa de ser uma obra que diverte, e deslumbra até, os espectadores. Um filme com pontos melhores e piores, que merece ser visto uma, mas não duas vezes.