O ComUM esteve à conversa com Zaarela, rapper bracarense que lançou o primeiro álbum “Juro Que Não Sou Mais Do Que Isto”.
Zaarela, nome artístico de João Varela, lançou este domingo o primeiro EP, “Juro Que Não Sou Mais Do Que Isto”. O projeto surge da colaboração do rapper com Ângela Polícia e Lucas Palmeira e apresenta-se como um disco autêntico e singular, fora da linha do que tem sido o grosso da música portuguesa.
O EP é composto por sete faixas, enquadradas num estilo de rap alternativo. A natureza e textura das músicas são, no entanto, distinta ao longo do álbum, indo de um registo próximo do oldschool como no tema “Gang”, a outro mais experimental e explorativo como em “Corrente [Interlúdio]”.
O cunho pessoal e íntimo que Zaarela traça ao longo das faixas é transversal a todo o álbum, característica nascida da vontade do artista em ter um espaço próprio na música. Influenciado, como contou ao ComUM, por artistas como Slow J, Keso e pelo próprio Ângela Polícia, Zaarela não quis seguir o caminho apontado por estes músicos e decidiu tentar a autenticidade.
ComUM: Como surgiu o “Juro Que Não Sou Mais Do Que Isto”?
Zaarela: Eu conheci o Ferna [Ângela Polícia] e acabei por criar confiança com ele. Mostrei-lhe umas cenas minhas e começou a ideia de fazer algo mais sério. Ele abraçou logo o projeto e depois foi quase um ano e meio de trabalho.
ComUM: O que significa o nome do álbum?
Zaarela: Para mim, a maior mazela que o sistema faz atualmente é fazer com que as pessoas desacreditem nelas mesmas, usando o medo. Claro que o medo é como uma moeda, pode-te empurrar para o poço ou pode-te empurrar para a estrada, depende do que fazes com ele. Por isso o nome é quase irónico, claro que vai haver mais que isto.
ComUM: Como é criar um projeto destes em Braga?
Zaarela: Percebes que a realidade é dura, há muita gente com talento que acaba por desistir por falta de oportunidade ou de fundos. Mas quando as coisas são difíceis temos de ser ainda mais difíceis.
ComUM: Quais são as tuas referências?
Zaarela: Um rapper que eu gosto muito é Slow J. Gosto muito de quase todos os projetos da Think Music também, mas ouço bastante outros estilos de música que não têm nada a ver com o hip-hop. Independentemente do estilo, respeito os artistas que são eles mesmos, que não tentam copiar ou chegar onde os outros chegaram.
ComUM: Queres continuar no mundo da música?
Zaarela: Quero poder criar as minhas próprias regras do jogo, ter um toque pessoal e autêntico. Quero que as pessoas ouçam a minha música e não pensem “é mesmo parecido com isto ou aquilo”. A música passa muito por aquilo que eu gosto de ver e observar, é pessoal.
Apesar de Zaarela ainda não ter concertos marcados, o artista assume que estão para breve novos anúncios.