Clara Não já tinha estado na Feira do Livro de Braga, no início de julho, para comentar o livro "Adolescer é fácil, #sóquenão", com a autora Catarina Furtado.

Clara Não marcou presença este sábado, dia 27, no auditório da Casa do Professor, em Braga, para apresentar o seu novo livro “Miga, esquece lá isso!”. A autora explicou o processo da criação da arte e das inspirações do passado. A conversa foi conduzida por Pedro Sousa, membro da equipa de comunicação do Gnration e amigo da ilustradora.

Sofia Vieira/ComUM

Tudo começou com o desenhar ilustrações em cadernos de forma informal. Clara Silva, verdadeiro nome da autora, confessou que decidiu “pegar nos cadernos e fotocopiar todos” para começar o novo projeto. Isto resultou no seu primeiro livro, “Miga, esquece lá isso!”, que retrata alguns momentos da vida de Clara Silva. Antes de tudo, o nome artístico “veio do desespero”. Clara Não “precisava de ter um nome reconhecível”, então fez uma lista, mas não gostou de nenhum. “Não… Não… Não… Porque ‘não’?”.

O livro divide-se em quatro partes e a ilustradora aproveitou para contar aquilo que inspirou a divisão. “É uma evolução, uma cronologia”, onde se fundem diferentes fases de vida. “Na primeira fase, queremos mandar o ex-namorado dar uma volta. Na segunda fase, a relação acabou e deixa saudade. Na terceira fase, percebes que a tua vida não anda à volta dos outros e tens que te conhecer como pessoa. Na quarta fase, é como se fosse o dormir e pensar nas palavras”.

O livro acabou também como funcionar como terapia para outras pessoas que podiam estar a passar pelo mesmo. “Com o passar do tempo, fui percebendo que não era só eu e criou-se uma espécie de comunidade”, explicou a autora a propósito de receber mensagens nas redes sociais. Sobre a intimidade que pode estar a transpor para o público, Clara Não respondeu que “uma coisa é aquilo que se mostra e outra é aquilo que as pessoas perguntam”.

Durante a conversa viajou-se no tempo para conhecer as origens de Clara Silva. Cresceu em Grijó, um local caracterizado pela acentuação religiosa e católica. Isso foi um dos motivos que a fez questionar o mundo e o papel da mulher na sociedade.

Além do livro, Clara Não tem uma página no Instagram para partilhar o seu trabalho. Este projeto é um concretizar do “direito a mandar vir, do direito ao sentimento e para se perceber o valor como pessoas”, rematou.