Os livros são janelas abertas para que se possa conhecer novas realidades e perspetivas contrárias ou semelhantes às nossas. A leitura é uma atividade muito própria, cabe a cada pessoa definir os géneros literários que mais lhe agradam. No entanto, todas as tipologias agregam obras exploradoras de temáticas que merecem a nossa atenção.
Aquando a entrada na universidade, um novo horizonte se abre. Os estudantes são confrontados com realidades diferentes e transformadoras. Sendo assim, é importante cultivar o sentido crítico e a pré-disposição para aprender. O ComUM deixa sugestões de leitura que visam essa aprendizagem.
Mataram a Cotovia, Harper Lee (1960)– O romance norte-americano do século XX aborda a permanência do racismo. Apodera-se da história de uma criança, filha de um advogado responsável pela defesa de um homem negro acusado de violar uma mulher branca. Com ela, explora o conformismo perante as injustiças raciais e sociais. Para além disso, descreve como as desigualdades da vida em sociedade são adquiridas na infância, o que permite uma reflexão sobre a perda da inocência. (Título Original: To Kill a Mockingbird)
“Nunca entenderás verdadeiramente uma pessoa até que consideres os pontos de vista dela… Até entrares dentro da pele dela e lá ficares bastante tempo.”
A luz, Stephen King (1977)– Jack Torrence consegue um emprego num velho hotel, a teórica solução para os seus problemas familiares. No entanto, os corredores do estabelecimento estão repletos de forças malignas, o que leva ao confronto entre o bem e o mal. Apesar de ser um livro de terror, a obra pretende analisar até onde os seres humanos são capazes de ir para alcançarem o que querem. (Título Original: The Shining)
“Às vezes precisamos de criar monstros para podermos enfrentar os nossos medos do mundo real”
A Divina Comédia, Dante Alighieri (1320)– O clássico da literatura mundial descreve uma viagem percorrida entre três instâncias completamente distintas: Inferno, Purgatório e Paraíso. Ao longo desse trajeto, Dante Alighieri encontra-se com diversas figuras (Virgílio, guia no inferno e purgatório, Beatriz, guia no paraíso terrestre e São Bernardo, guia nas esferas celestes). Com estes personagens debate temas vários. São exemplo a via para a salvação, o conceito de amor e os sete pecados capitais (gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça e orgulho). Apesar de parecerem uma realidade longínqua, correspondem a temas discutidos nos dias de hoje. (Título Original: Divina Commedia)
“Vês que a razão, seguindo o caminho indicado pelos sentimentos, tem asas curtas.”
O Estrangeiro, Alberto Camus (1942)– A personagem principal deste livro é Meursault, uma pessoa regida pela indiferença. É indiferente para com a morte da mãe, para com a amante e para com a prática de um crime, visto como outro ato. No entanto, a determinada altura da vida é confrontado com o significado da vida. Uma realidade que se transforma numa incessante busca, que culmina no maior pesadelo do homem. Uma busca pelo sentido da vida que, mais cedo ou mais tarde, assola todas as pessoas. (Título Original: L’Étranger)
“Qualquer recusa de comunicação é uma tentativa de comunicação; qualquer gesto de indiferença ou hostilidade é disfarçado”
Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez (1982)– O livro fala na história da família Buendía, os fundadores da cidade fictícia de Macondo, até à sexta geração. A trajetória de vida dos Buendía serve de metáfora para o isolamento e esperança da América Latina: ditaduras, guerras, repressões, exílios e exportação de refugiados. Aborda o estruturalismo arcaico de uma sociedade, nomeadamente o conformismo e consequente passividade social. (Título Original: Cien Años de Soledad)
“Eles optam por não voltar ao cinema, considerando que já têm bastante com suas próprias tristezas para lamentar por desventuras fingidas de seres imaginários.”
Crime e Castigo, Fiódor Dostoiévski (1866)– A obra conta a história de Rodion Românovitch Raskólnikov. O jovem estudante comete um duplo-assassinato e sente-se incapaz de continuar a viver após o feito. Por influência, confessa as atrocidades cometidas e é condenado a oito anos de prisão na Sibéria, onde começa a reabilitação moral. Crime e Castigo permite questionar os limites da moralidade, a consciência e o arrependimento. (Título Original: Преступле́ние и наказа́ние)
“Tudo está ao alcance do homem, e tudo lhe escapa, em virtude da sua covardia”
1984, George Orwell (1949)– Esta obra é uma sistematização da sociedade que procura expor a mente humana. Baseia-se na civilização de Oceania, um país onde se vive uma rígida hierarquia, fundamentada pelo medo do frequente clima de guerra e consequente obediência do povo. Assim, dá-se foco a Winston Smith, elemento que procura a todo o custo conquistar liberdade. (Título Original: 1984)
“Repensar significa a capacidade de conservar duas perspetivas contraditórias e aceitá-las.”
História da Filosofia Sem Medo Nem Pavor, Fernando Savater (2011)– “Um convite para uma abordagem à filosofia de uma forma clara e simples”. Uma procura pelo entendimento da filosofia, mas, acima de tudo, de aprender a pensar e descomplicar. Tudo isto através da engraçada discussão entre Nemo e Alba sobre a utilidade das perguntas filosóficas. (Título Original: Historia De La Filosofia Sin Temor Ni Temblor)
“O que é um filósofo? Alguém que trata todos os seus semelhantes como se também fossem filósofos e contagia-os a duvidar e racionalizar.”
Os Filhos da Droga, Christiane F. (1978)– O relato real sobre o deslumbramento pela rebeldia. Uma busca inocente por uma escapatória que culmina num vício difícil de sustentar, que leva a tal rapariga ingénua ao roubo e à prostituição. O desejo por crescer depressa demais e a facilidade com que se pode ter acesso a substâncias ilícitas leva muitas pessoas a cair na decadência. Se formos educados para as consequências de tais atos, talvez possamos prevenir comportamentos de risco. (Título Original: Wir Kinder vom Bahnhof Zoo)
“Sobre a minha cama havia um póster que representava a mão de um esqueleto a agarrar uma seringa. Por baixo estava escrito “Isto é o fim. O princípio foi uma curiosidade.””
Before You Suffocate Your Own Fool Self, de Danielle Evans (2010)– Um livro composto por oito short-stories que dão voz a uma variedade de personagens sobre o sexo. Durante as peripécias narradas, fica claro que os rumos escolhidos pelas diferentes figuras são constantemente influenciados pelo mundo exterior. De qualquer forma, procura explorar o desejo das mulheres de reivindicarem a sua sexualidade e o domínio sobre os próprios corpos sem que sejam sexualizadas.
“Era fácil ser outra pessoa quando ninguém se importava com quem eras em primeiro lugar.”
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