Stranger Things: estranhos anos 80

Em 2016 estreou mais uma série do Netflix. Stranger Things veio revelar-se um sucesso entre miúdos e graúdos e vai já na terceira temporada. O mundo sobrenatural mistura-se com os anos 80 e com um humor familiar. Adicionamos ainda músicas como “Every Breath You Take” e “Runway” e obtemos uma incrível e cativante série.

Estamos em 1983 quando ficamos a conhecer Hawkins, uma cidade fictícia situada em Indiana, nos Estados Unidos. O Laboratório Nacional de Hawkins é conhecido por realizar pesquisas científicas para o Departamento de Energia americano. Porém, são executadas secretamente experiências sobrenaturais, envolvendo humanos, o que começa a afetar a população de Hawkins. Quatro amigos, uma menina com poderes sobrenaturais, adolescentes a viver os seus clássicos dramas.

Stranger Things é boa música misturada com um roteiro impecável. Uns talvez se identifiquem com as personagens, outros talvez acabem por se apaixonar por Eleven. Mas, com certeza todos ficarão tristes com o desaparecimento de Will. O lançamento da Netflix foi uma das melhores séries do ano de 2016. E ainda continua a ser, três anos depois.

A 4 de julho de 2019 estreou a terceira temporada e, ao som de “Never Ending Story”, voamos pelos oito episódios. Estamos em 1985, o ano da primeira edição do Rock in Rio, do lançamento da New Coke e do Windows 1.0.

Voltamos a Hawkins, onde as aulas já acabaram e as férias de verão vêm aí. O novo shopping Starcourt torna-se o centro das atenções e o pequeno grupo de Mike, Will, Dustin e Lucas começa a crescer. Os meninos já não são crianças e os romances da adolescência trazem uma nova dinâmica à série. Eleven e Max, juntamente com os rapazes, voltam a enfrentar o Upside Down World, enquanto lidam com os desafios da puberdade. O Laboratório de Hawkins volta a causar problemas e Will tem a sensação de que algo está a chegar à cidade.

Stranger Things transforma-se numa clara representação da década de 80. São inúmeras as referências feitas à cultura pop. Desde a consola “Atari”, às roupas e trilha sonora, são muitos os símbolos deste período que prometem levar o público numa viagem nostálgica. Inclui ainda menções a clássicos do cinema como Poltergeist – O Fenômeno (1982), EvilDead – A Noite dos Mortos Vivos (1982) e, até, Goonies (1985).

A série é muito compacta e todas as cenas e episódios são essenciais e importantes, pois todas dependem umas das outras. Para além disto, a ligação que se forma entre temporadas deixa sempre um desejo por mais.

É uma produção muito completa, o que se confirma ainda mais na complexidade da terceira temporada e em como se tem atenção a cada detalhe. Tudo parece ser meticulosamente pensado. O regresso da série combinou tudo o que as primeiras temporadas tinham de melhor, o que transformou a terceira num clássico de verão. O fresco e moderno humor característico de todas as personagens continua a cativar o público.

Enquanto uma espécie de aranha gigante devoradora de mentes deixa toda a cidade em pânico, Will só quer voltar a jogar com os amigos. Mike morre de amores, e Lucas não parece perceber muito do assunto. Dustin, no entanto, investiga e pretende descobrir o que se passa com a ajuda de Steve e Robin, a quem se junta Erica. Se ficaste pela temporada dois e não conheces alguns destes nomes, são só as novas personagens. Com elas, este estranho universo torna-se mais especial ainda.

O ambiente da nova temporada faz recordar todos os tempos e situações caricatas da juventude de qualquer pessoa. Aprendemos a recordar que os amigos não mentem, mas os namorados sim. E, como uma cereja no topo do bolo, já sabemos como dizer “I dump your ass” com estilo.

Todo o humor, drama e novos momentos marcantes tornam a série cada vez mais especial. A história vai-se desenvolvendo e atravessa momentos cada vez mais complicados. Todos sabem que tem um papel a cumprir, e cumprem-no na perfeição.

Para mim, foi definitivamente a melhor temporada. E, para quem ficou desapontado com a segunda, por favor, não percam as esperanças. O melhor está por vir.