A futebolista do SC Braga marca a diferença no que ao estilo de vida diz respeito e assume-se como a única atleta vegan do plantel.

Por estes dias, o veganismo é um dos temas em voga na sociedade mundial. Veganismo não é vegetarianismo. Apesar de possuírem bases parecidas, os dois conceitos são, na verdade, diferentes.

Enquanto que uma pessoa vegetariana exclui a carne e o peixe da sua alimentação mas consome alimentos como ovos e lacticínios, a pessoa vegan exclui tudo aquilo que tenha origem animal, não só da alimentação como da roupa, dos produtos de higiene e dos detergentes, por exemplo.

O veganismo está presente um pouco por todo o lado e o desporto não foge à regra. Em Braga, no plantel de futebol feminino do SC Braga, “mora” uma jogadora que nunca experimentou o sabor da carne.

A norte-americana Hannah Keane foi criada como vegetariana por influência dos pais. Do vegetarianismo ao veganismo foi um pequeno passo, um passo que Hannah decidiu dar já há quase sete anos. A jogadora de 26 anos podia ter voltado atrás em qualquer altura e ter optado por uma alimentação em que os produtos de origem animal fossem parte integrante, mas revelou nunca ter sentido essa necessidade.

Ser uma atleta profissional implica, muitas vezes, estar em constante viagem pelo Mundo, o que poderia dificultar a vida a quem pratica este modo de viver. Mas, para Hannah Keane, não há problema para onde quer que vá e Braga parece ser já uma cidade pronta para receber o veganismo.

“Eu acho que eles [os produtos vegan] estão por aí se procurares o suficiente. Comparativamente a outros lugares onde vivi, é um pouco mais difícil”, começou por contar a avançada bracarense. Na visão de Keane, a maior dificuldade comparativamente a outros países prende-se com o facto da carne ser um alimento que está integrado na cultura minhota. “Eu acho simplesmente que aqui o veganismo ou o não comer carne não é muito conhecido, porque a carne constitui uma parte muito importante da cultura aqui”, acrescentou.

Contudo, com persistência e procurando nos sítios certos, há sempre solução para quem tem este estilo de vida: “Encontrei montes de restaurantes, existem montes de produtos nos supermercados e portanto tem sido fácil, e eu tenho feito isto há muito tempo. Já são quase sete anos como vegan e não é difícil para mim saber o que tenho que comer e como o encontrar”, explicou.

Apesar de não se aperceber de qualquer diferença em termos físicos em relação às colegas, Hannah Keane reconhece que ser vegan requer um cuidado extra: tomar vitamina B12, uma vitamina muito importante e que só pode ser encontrada na carne e em outros produtos de origem animal.

“Existem algumas vitaminas que não consegues ter se não comeres carne, como a B12, que é a mais importante, e todos os vegans devem tomar uma pequena tablete [de comprimidos] para a terem. Em tudo o resto, nunca notei nenhuma diferença, sinto-me muito bem. Até tentei converter algumas pessoas”, atirou, entre sorrisos.

“Tentei que experimentassem a minha comida apenas para lhes mostrar o quão boa e benéfica pode ser, mas sinto-me muito bem. Nunca me senti mais fraca ou que me estivesse a faltar qualquer coisa”, acrescentou a atleta, que é natural do estado da Califórnia.

Apesar de reconhecer que seria mais fácil converter pessoas nos Estados Unidos, devido às “substituições loucas para a carne” que os americanos apresentam, é com sentido de humor que Hannah Keane revela que vai “continuar a trabalhar nelas”, referindo-se às colegas de equipa, que estão agora mais por dentro do veganismo e um pouco mais recetivas a ele.

Reportagem: Daniel Sousa e Guilherme Folegatti

Imagem: Sofia Vieira e Mariana Oliveira

Edição: Sofia Vieira