Realizado por Kim Farrant, o novo thriller, Anjo Perdido, estreou a 15 de agosto. Chega a Portugal no dia 24 de Outubro. Conta com a participação da memorável atriz Noomi Rapace, que interpreta Lizzie, uma mãe divorciada e perturbada, como podemos ver nos primeiros minutos do filme.

O psico-drama faz questão de logo nos dar a conhecer o lado negro da personagem principal, que se tenta controlar com comprimidos. Lizzie mostra-se na beira de um esgotamento, num momento em que lida com o divórcio e uma possível perda do filho. Isto porque o ex-marido, Mike, pretende ter a totalidade da custódia.

Anjo Perdido

A protagonista está coberta de escuridão, como aliás disse o ex-companheiro. A toda a hora vemos que, na sua mente, passam mil pensamentos, e a sua tristeza é facilmente vista no choro constante. Há, até, uma cena em que Lizzie tem um encontro muito desajeitado e estranho, que acredito ter sido criado para salientar ainda mais a sua inquietação.

Confesso que este, que é o meu género de filme favorito, tem vindo a desapontar. Há muito que não vejo um thriller arrebatador, mas continuo esperançosa. De Anjo Perdido esperava muito, porém, infelizmente, não alcançou as minhas expectativas. Pode ser um pouco culpa minha, que de ver tantos trabalhos do género já prevejo o que vai acontecer de seguida. Ou isso, ou este thriller é realmente previsível.

Assim que conhecemos Lizzie e os problemas com que lida, a narrativa desenrola-se para o momento em que conhece Lola. Esta é uma menina de sete anos com que a mulher fica completamente obcecada. Após um primeiro contacto com Lola, Lizzie fará de tudo para estar mais perto da menina. Confusos até então, rapidamente os espectadores serão esclarecidos e ficarão a saber que também ela teve uma filha, há sete anos atrás. No entanto, a bebé morreu dias depois do nascimento, num incêndio que tomou conta do hospital em que estavam.

Anjo Perdido

Durante os restantes momentos do filme, veremos como Lizzie se aproxima da criança, quebrando todo e qualquer limite. A protagonista chega mesmo a assistir ao recital de ballet de Lola nos bastidores, a levá-la num passeio de barco e a invadir a sua casa. A única explicação para estas ações parece ser a saudade que sente da filha, de quem se lembra sempre que vê Lola. Quem mais se opõe a tudo isto e tenta travar Lizzie é Claire, mãe de Lola, que, como é natural, fica preocupada com a segurança da filha.

Já perto do fim, o filme conta com o momento em que a protagonista revela a Claire que acredita que Lola seja, na verdade, sua filha. Isto deixa a verdadeira mãe, e todos os que assistam o filme, a pensar que a mulher está mais perturbada do que achávamos. Ainda assim, como espectadores, ficaremos em negação. Mas será impossível não questionar se Lizzie terá razão.

E é disto que Anjo Perdido vive, até ao último momento. Esta dúvida quanto a quem fala a verdade e todo o mistério e perseguição envolvidos são o que mais cativa, e a razão pelo qual não desconectamos dele nos primeiros momentos.

Anjo Perdido

Até então. manteve-se uma história previsível e consegui perceber que o final foi das maiores apostas para o filme. É isso que traz uma revelação de que ninguém estava à espera. Aqui em casa consegui perceber isso, quando contei à minha mãe esse final, que ela acabou por perder.

No entanto, e não querendo ser desmancha-prazeres, não basta uma grande revelação. É preciso saber como a entregar ao público. Sinto que foi isso que mais falhou. Não só achei que a surpresa não veio no momento certo, como achei que foi feita de forma muito rápida e brusca. Mas, pior do que isto, o que mais me fez confusão foi como tudo na vida de Lizzie voltou ao normal depois do enredo terminar. Foi como se tudo do passado fosse esquecido e se tivesse resolvido facilmente. Se virem o filme, penso que vão concordar comigo.

Vou ter de me repetir e dizer que Anjo Perdido, como muitos dos filmes que vi recentemente, não é bom, nem mau. É assim-assim. Não deixo de recomendar que assistam, quanto mais não seja pela prestação de Rapace e a revelação final. Mas, peço-vos que não criem grandes expectativas. Serão desapontados.