As Vigaristas chegaram às salas de cinema portuguesas no dia 20 de junho. O filme, realizado por Chris Addison, conta a história de duas mulheres que vivem a verdadeira arte da dissimulação.
Josephine Chesterfield (Anne Hathaway) é uma elegante e sofisticada vigarista. Especialista em burlar milionários, durante uma viagem de comboio acaba por encontrar Penny (Rebel Wilson), uma australiana desajeitada. As duas logo percebem que vivem do mesmo e Josephine vê a sua área de ação corrompida com a arte espalhafatosa e foliona de outra mestre da vigarice. Já Penny, fascinada com os métodos da amiga, pede-lhe que esta se torne sua mentora e a ajude a melhorar as técnicas.
O filme desenvolve-se na Riviera Francesa, local onde Josephine criou o seu império. Numa cidade pequena demais para as duas, entram numa competição para burlar uma vítima (aparentemente) ingénua. Tentam, então, burlar o prodígio da tecnologia, Thomas Westerburg, interpretado por Alex Sharp. Mas este acaba por se revelar um homem com grandes segredos.
Este é o ponto de partida do remake de Ladrões e Cavalheiros, de 1988 que, por sua vez, é um remake de Os Sedutores, de 1964. As Vigaristas seguem a mesma linha, mas renovam a perspetiva sobre a fórmula. O primeiro trabalho de Chris Addison investe numa inversão de género. Coloca duas mulheres nos papéis outrora interpretados por duplas como Michael Caine e Steve Martin ou David Niven e Marlon Brando.
O filme envolve um clássico exercício de choque de personalidades, formas de ser, jeitos e trajetos. Enquanto a glamorosa e sedutora Josephine aponta voos altos de diamantes e casamentos arruinados, Penny, uma desbocada australiana, enriquece à custa de simplórios e arrogantes com pequenas burlas. As duas acreditam que o sucesso deriva da forma em que os homens nunca assumirão que uma mulher pode ser mais inteligente do que eles. E, dentro dessa ideia, as duas criam momentos caricatos, atraem as vítimas e, de seguida, assustam-nos com os seus perfeitos falsos atos.
Rebel Wilson mostra mais uma vez o quão bem sabe trabalhar o humor físico e a parvoíce do seu papel, ou não fosse já especialista no assunto. Já Anne Hathaway, vencedora do Óscar de Melhor Atriz Secundária, é um manequim de bonitos vestidos, com um irritante e saturante sotaque britânico, sem carisma cómico. Ambas dão vida a algo que parece ser um balanço perfeito. Mas, na realidade, fazem com que o espectador se sinta em dois filmes diferentes. A junção do humor com a seriedade acabam com a química que se espera surgir num filme de crime.
É difícil encontrar momentos em que realmente se verifique a promessa de emancipação e empoderamento feminino. Este acaba por se confundir mesmo com o desprezo entre as duas personagens femininas.
O enredo tinha, então, tudo para correr bem, mas faltam ao filme os pequenos detalhes. Contudo, continua a ser uma boa comédia, onde as personagens percebem que têm mais pontos em comum do que imaginavam.
Título Original: The Hustle
Realizador: Chris Addison
Argumento: Stanley Shapiro, Paul Henning
Elenco: Rebel Wilson, Anne Hathaway, Alex Sharp
EUA
2019