Captain Boy fez confissões sobre o percurso que o ligou ao mundo da música, a essência do alter-ego e revelações acerca de Memories and Bad Photographs.

O ComUM esteve, na passada terça-feira, na Casa Velha, no Parque da Ponte em Braga, à conversa com Pedro Ribeiro, cantor vimaranense mais conhecido por Captain Boy. A entrevista tocou em temas como a relação do artista com o mundo da música, a opinião sobre a situação da indústria musical nacional e revelações acerca do álbum, lançado esta quinta-feira.

ComUM: Pedro Ribeiro, usa o alter-ego Captain Boy. Porquê a escolha deste alter-ego?

Captain Boy: Eu acho que foi para ter dois lados com um peso diferente. Tem a parte do “puto” que é a parte criativa e depois tem a parte do “capitão” que é a parte com mais ordem no processo. Foi uma forma que eu encontrei de atingir o meio termo entre a fase criativa e a parte de ter que entregar as coisas. Acho que foi daí que surgiu o nome.

ComUM: Há quanto tempo é que entrou no mundo da música e porquê envergar por este caminho e seguir uma carreira musical?

Captain Boy: A música sempre esteve presente na minha vida. O meu pai ensinou-me a tocar bateria por volta dos seis ou sete anos e acho que foi a minha forma de expressão.

ComUM: A música cá em Portugal é difícil. Não é fácil seguir uma carreira musical, há vários entraves…

Captain Boy: Eu penso que nós estamos a passar um bom momento. Nesta altura, acho que está muito mais fácil, acho que as pessoas têm mais disponibilidade de tempo e mesmo financeiramente para irem a um concerto. Acho que também estão mais estáveis e podem dedicar-se mais às artes.

ComUM: A música portuguesa é mais reconhecida agora do que antigamente? Há maior adesão para se ir ver bandas portuguesas?

Captain Boy: Sim, completamente. Não foi há muito tempo que comecei. Foi há mais ou menos quatro anos, e noto diferença.

ComUM: No site “Bons Sons” e noutros sites, descreve-se como um “vagabundo com voz rouca e guitarra a tiracolo que canta histórias que transcendem o tempo. A sua sonoridade ferrugenta leva-nos a bordo de um barco imaginário e, tal como o mar, Captain Boy é imprevisível, transformando todos os concertos numa viagem distinta”. O que é que esta descrição sugere para quem a lê?

Captain Boy: (risos) Eu acho que tem a ver com o facto de eu ser bastante irrequieto em tudo, e tanto faço músicas de uma forma ou de outra, como apresento concertos de uma forma como de outra. Acho que tem a ver também com o facto de querer explorar várias sonoridades e vários ambientes, quer seja nos concertos ou no áudio. No caso deste disco, explorei coisas totalmente diferentes do que explorei nos outros. Por isso, acho que é um bocadinho deixar em aberto aquilo que eu possa fazer.

ComUM: A nível de concertos, já foi ao palco EDP do Super Bock Super Rock e ao festival Paredes de Coura. Qual é a sensação de pisar o palco de dois festivais de grande dimensão em Portugal?

Captain Boy: É indescritível. Tudo o que acontece até pisar o palco, depois estar no palco e depois de pisar o palco é uma sensação muito boa, embora também tive concertos em palcos pequeninos. Eu gosto muito dos concertos intimistas. Tive concertos em palcos intimistas que também gostei muito, de tocar mais com as pessoas.

ComUM: O próximo concerto que vai dar é em Guimarães, a sua terra natal, tem um gosto especial?

Captain Boy: Tem. Mas é sempre um bocadinho agridoce tocar em casa, porque acho que fico sempre mais nervoso do que se for num concerto fora.

ComUM: Sente o peso de estar em casa e, provavelmente, estarem pessoas conhecidas na plateia?

Captain Boy: Eu costumo dizer, e é verdade, prefiro tocar para um grupo de 100 pessoas que não conheço do que, por exemplo, para a minha mãe (risos).

ComUM: Dia 19 estreia o novo álbum, “Memories and Bad Photographs”, o que é que as pessoas podem esperar?

Captain Boy: Eu acho que podem esperar um álbum um bocadinho diferente, acho que foi um álbum concetual, algo que não tinha feito nos outros. Nos anteriores, focava-me muito em personagens e contava as histórias em relação às personagens que eu criava e este álbum é muito pessoal. São tudo memórias minhas, a maior parte das memórias, e as “bad photographs”, porque tirei fotos a cada uma das memórias, sendo que ainda para mais sou fotógrafo e é a junção das duas coisas.

Neste álbum, desde o início, toquei os instrumentos todos, gravei tudo, era algo que eu já queria fazer, e só depois é que me juntei com o produtor, que foi o Giliano Boucinha, e começamos a trabalhar logo a partir daí. Mesmo ele (Giliano Boucinha) quase me “obrigou” a fazer tudo. Noutros álbuns, era ele que fazia coisas, como os solos, por isso acho que foi um álbum em que eu explorei muito mais coisas. Por isso acho que é um projeto diferente dos outros e tem uma carga maior porque é muito mais introspetivo, mais pessoal.

ComUM: Portanto, Captain Boy continua a prometer álbuns imprevisíveis de forma a continuar a manter suspense para quem ouve as suas músicas?

Captain Boy: Exatamente. (risos)