Lana Del Rey lançou, no passado dia 30 de agosto, o seu sexto álbum: Norman Fucking Rockwell. Um álbum que em tudo combina com a personalidade da artista: calmo, mas melodioso.

O projeto conta com 14 faixas, a maioria que afirmam o cunho da cantora com a leveza a que já nos habituou. “Norman Fucking Rockwell” é o primeiro tema. Os violinos abrem o álbum como que um filme da Disney nos estivesse a ser apresentado. De seguida, entra o piano e a doce Lana. É uma boa abertura.

Lana Del Rey

electronicbeats.net

Segue-se “Mariners Apartment Complex”, que causou furor mal foi lançado. Entende-se. A melodia é fácil de memorizar, suave e torna-nos muito recetivos ao resto do álbum. Apesar de sermos captados, maioritariamente, pelo piano, conseguimos ainda perceber alguns efeitos, nomeadamente no fim do tema, que o complementam muito bem.

Venice Bitch” é um dos melhores temas do álbum. A guitarra confere-lhe um toque único, que em tudo combina com Lana. A progressão harmónica também não fica atrás, bem como a melódica, que são das melhores que o projeto possui. Nos quase dez minutos de música ouvem-se também saxofones e, ainda que muito disfarçadamente, transmite-nos uma calma típica de um fim de tarde solarengo.

A quarta música é “Fuck It I Love You”. A batida é, seguramente, mais inovadora e mexida, mas não deixa de manter a vibe calma e tranquila de Lana. No fundo, acaba por se tornar “mais uma” neste disco.

Doin’ Time” também agitou o público aquando do seu lançamento. O início da música, adaptado de “Summertime”, de Ella Fitzgerald, introduz um belo ponto de partida para uma canção que se torna típica do verão. A progressão harmónica é simples, mas não tão simples que seja muito intuitiva, e combina perfeitamente com a melodia cantada.

Uma das desvantagens de se criar um álbum tão extenso é que, raramente, as suas peças vão ser todas fenomenais. É o caso de Normal Fucking Rockwell. Com 14 músicas, era de esperar que algumas não fossem tão memoráveis e, por isso, acabam por cair no esquecimento. É o caso de “Love Song”, “How To Disappear”, “Bartender”, “California” e “Happiness Is a Butterfly”.

Todos estes temas são apenas mais do mesmo. Não são maus, mas não acrescentam nada de novo ao que já ouvimos e conhecemos. Por outro lado, “The Next Best American Record” é um tema um pouco mais para o melancólico, tanto pelos instrumentos, como pela letra, mas que, ainda assim, fica aquém das expectativas. “Cinnamon Girl” quebra a “mesmice” sentida no álbum pela progressão dos instrumentos, que surge como uma lufada de ar fresco na obra.

The Greatest” traz-nos esperança para o fim do projeto. O solo de guitarra com efeitos, não característico da artista, renova o ar pesado e monótono que tínhamos vindo a escutar. O fim do tema conta apenas com o piano, quase em fade out, com uma leviandade sem par.

O fecho do album dá-se com “Hope Is a Dangerous Thing For a Woman Like Me To Have – But I Have It”. É, sem dúvida, o tema mais melancólico e depressivo, mas também dos mais ricos e curiosos. A referência à famosa poeta Sylvia Plath, que se suicidou devido à depressão e ao rumor de ela ser sociopata, faz-nos repensar todo o mote e o conceito do álbum. É uma letra no mínimo interessante, o que acaba por ser uma boa conclusão da obra. Só há piano e a voz de Lana a ecoar nos ouvidos.

Apesar de o álbum ser, no seu todo, bastante fácil de ouvir, há quase uma impressão de que já ouvimos aquela música anteriormente. E isto, para um artista, é das últimas coisas que se quer.

Não queremos ninguém a confundir as nossas músicas, apesar de querermos manter a coerência do projeto. E, no fundo, é disso que Norman Fucking Rockwell se trata. Um álbum coerente, com uma Lana muito suave, tranquila e leve. Não é, de todo, mau. É o estilo dela e é um bom estilo, já por isso conta com tantos ouvintes e seguidores.

Há inovação? Não. Precisa de haver? Não. Será que num futuro álbum seria melhor se Lana del Rey renovasse o estilo? Não sabemos. Fica para a própria Lana decidir e cabe-nos a nós ouvir.