Oriundo de Galveias, um dos maiores escritores contemporâneos, fez, esta quarta-feira, dia 4 de Setembro, 45 anos. Com 18 anos de carreira, conta com uma vasta lista de obras de ficção, poesia e histórias de viagens.
José Luís Peixoto licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas e foi professor em Portugal e Cabo Verde. Profissionalizou-se como escritor, em 2001, e estreou-se com o livro ficcional Morreste-me. A obra foi escolhida como um dos 10 livros da primeira década do século XXI pela revista Visão.
Com apenas com 27 anos, foi considerado o vencedor mais jovem do Prémio Literário José Saramago com a obra Nenhum Olhar. O romance apodera-se do “pastor taciturno que vê o seu mundo desmoronar-se quando o diabo lhe conta que a mulher o engana; o velho e sábio Gabriel, confidente e conselheiro”, entre outros, para explorar a vida isolada das aldeias.
Pode-se mesmo dizer que trata da vida nas aldeias isoladas, contando com as diferentes regras a que estas parecem obedecer. São locais onde toda a gente se conhece e onde a única realidade certa é a morte – “a solidão era um céu maior que a noite e onde não havia mais que a noite e frio, era um lugar negro que o olhar via”.
Também este trabalho foi escolhido como um dos livros da década pelo jornal Expresso. Foi ainda incluído na lista do Financial Times como um dos melhores romances publicados em Inglaterra, em 2007. Para além disso, a obra conta com, pelo menos, 12 traduções internacionais.
A obra Cemitério de Pianos recebeu o Prémio Cálamo Otra Mirada 2007, destinado ao melhor romance estrangeiro publicado em Espanha. Em 2008, venceu, por unanimidade, o prémio de poesia Daniel Faria com Gaveta de Papéis. Com o pseudónimo de André Serrano surpreendeu o elenco de júris. “Foi mesmo uma grande surpresa, mas uma surpresa boa, porque vem dar força e credibilidade ao prémio”, afirmou Jorge Reis-Sá, responsável máximo da editora que promove o prémio.
Com Livro, venceu o prémio Libro d’Europa, atribuído em Itália ao melhor romance europeu publicado no ano anterior. Também em 2013, venceu o Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores com A Criança em Ruínas, uma obra sobre a saudade dos tempos de infância – “Na hora de pôr a mesa, éramos cinco: / o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs / e eu. Depois, a minha irmã mais velha / casou-se. / Depois, a minha irmã mais nova/ casou-se. Depois, o meu pai morreu.”
Em 2016 recebeu, no Brasil, o Prémio Oceanos, com Galveias, o primeiro livro de língua portuguesa a ser traduzido diretamente para o idioma georgiano. Por sua vez, a obra A Mãe que Chovia também foi o primeiro livro de língua portuguesa a ser traduzido diretamente do português para o mongol. Este ano, 2019 Galveias foi novamente premiado, desta vez com o prémio japonês The Best Translation Award.
Além dos prémios mencionados, os livros de José Luís Peixoto foram referenciados em críticas internacionais, como no The Independent. “Peixoto tem um ouvido apurado para o ritmo, um olho forte para a imagem luminosa e um bom nariz para o pungente. Mas aqui, a forma como divide e recompõe os ossos da história combate a fraqueza estrutural”, afirmam os críticos do jornal.
Ao longo dos anos, foi colunista de vários órgãos da imprensa portuguesa. É o caso do Jornal de Letras ou das revistas Visão, GQ, Time Out, Notícias Magazine e UP. Esta é uma faceta que lhe permite opinar sobre os mais diversos temas, desde questões práticas, à situação política do país, a questões mais filosóficas, como a memória a curto-prazo.