Síndrome de Estocolmo estreou nas nossas salas de cinema no dia 8 de agosto de 2019. A ação do filme dá-se em 1973 na capital da Suécia, Estocolmo. Mostra-nos a origem do termo “Síndrome de Estocolmo” e, apesar de insólita, é uma história baseada em factos reais.
Robert Budreau dá-nos a conhecer a história de um assalto ao banco principal da cidade. No entanto, o que tinha tudo para ser um “simples” assalto acabou por se tornar em algo muito maior.
Kaj Hansson (Ethan Hawke) entra em cena com uma peruca, uma mala cheia de armas e um rádio. Estes são acessórios indispensáveis para o crime que planeia cometer. Assim que entra no banco, começa a disparar e faz alguns reféns. Entre os últimos está Bianca Lind (Noomi Rapace), funcionária do banco, que mais tarde se viria a tornar a peça fundamental para as negociações do criminoso com a polícia.
Estranhamente, assim que Kaj toma controlo total do edifício, percebemos que o dinheiro não é sua grande motivação, pois este fica em segundo plano. A primeira exigência que faz passa pela libertação do amigo e atual presidiário Gunnar Sorensson (Mark Strong). Isto permite-nos desvendar o verdadeiro objetivo do ataque: uma fuga com destino a Paris.
O sequestro durou seis dias e é neste desenrolar que podemos perceber a personalidade, a dinâmica e a interação das personagens umas com as outras. Hansson é retratado como um homem algo inocente, empático e engraçado. É através desta característica que a longa metragem apresenta o género da comédia. É uma pessoa que se deixa levar pela adrenalina de fazer algo que o possa destacar e, além disso, apresenta uma enorme admiração pelo cantor Bob Dylan. Várias das suas músicas são alvo de destaque ao longo da obra cinematográfica, o que cria uma referência aos anos 70.
Para contrastar com esta personalidade surge Bianca, uma mulher inteligente, racional, corajosa e conservadora na sua apresentação. O interesse amoroso que Kaj desenvolve pela jovem faz delas, assim, as personagens principais. São, ainda, por isso, as únicas a terem um desenvolvimento ao longo da obra, ao contrário das personagens secundárias, que ficam por explorar.
A relação com a vítima começa a escalar aquando da chegada de Gunnar, que os leva a esconderem-se todos no cofre do banco para que possam ficar em maior segurança. É este clima de instabilidade e desconfiança perante a atitude da polícia que vai fazer com que a relação entre reféns e sequestradores cresça. Dentro do cofre, é Bianca que faz os apelos à polícia e até mesmo ao Primeiro-Ministro, afirmando ter total confiança nos homens que a mantinham em cativeiro. Kaj observa isto, claro, com grande apreço.
É de realçar que, assim como as vítimas, também o espectador começa a simpatizar com o protagonista, dado que este vai demonstrando cada vez mais empatia perante os sequestrados. Kaj Hansson começa a tomar algumas decisões tendo em conta o bem estar de todos. Em contrapartida, a polícia começa a tomar decisões baseadas mais na possibilidade de conseguir apanhar os criminosos, negligenciando, de certa forma, as vítimas.
Assim, Síndrome de Estocolmo é muito bem conseguido, no sentido em que conseguiu tornar um assunto pesado numa história mais leve. O que podia ser trabalhado de uma forma mais criteriosa e séria, com um filme mais “pesado”, foi feito de forma a entreter o público e, muitas vezes, a fazê-lo rir. São criados vários momentos de comédia através de Hansson, e todos foram encaixados no momento certo.
É com a comédia que a prestação de Ethan Hawke se destaca como a escolha perfeita para este papel. O ator soube construir a personagem de um modo engraçado, sem fazer dele um palerma, mas uma personagem icónica. Também a atuação de Noomi Rapace merece uma ressalva, uma vez que soube conjugar o facto de a sua personagem, apesar de recatada, ser também muito corajosa.
Uma outra referência aos anos 70 é também visível a nível da composição de cores utilizada. Apresentam-se, maioritariamente, tons mais sóbrios e discretos, como o azul marinho, preto, laranja e castanho.
Considero, então, que Síndrome de Estocolmo seja uma boa aposta para o espectador. Isto porque, apesar de não ser uma obra de arte a nível cinematográfico, permite ao público ter uma boa experiência. Trata, de uma forma cómica, assuntos reais e um problema que é comum ocorrer em casos de sequestro. Ao mesmo tempo, conta a história da origem do termo que dá nome ao trabalho, muito falado por toda a gente, mas cuja criação é bastante desconhecida.
Título Original: Stockholm
Direção: Robert Budreau
Argumento: Robert Budreau
Elenco: Ethan Hawke, Noomi Rapace, Mark Strong
Canadá | EUA
2018