Em vez de uma peça de teatro, teve lugar, em frente à fachada do edifício centenário, uma vigília que, além de prestar tributo a todas as vítimas de violência doméstica, implora por “Nem uma vítima mais”.

Gabriela Monteiro foi esfaqueada pelo ex-marido após ter assinado o divórcio. Em frente à casa de espetáculos, reuniram-se mais de cinco centenas de pessoas, num grito de alerta sobre todas as mulheres que se encontram em perigo e em homenagem à vítima a quem foi, na noite de quarta-feira, retirado o direito de viver.

O crime aconteceu na zona do Tribunal de Braga, à beira da casa onde viviam. Paulo Fernandes esfaqueou Gabriela no peito e no pescoço, entregando-se depois à polícia com a confissão do que fizera. É ex-funcionário da empresa Bragaparque e tem 48 anos. Aguarda, agora, julgamento na prisão. Gabriela deixou dois filhos e um emprego de quase dez anos no Theatro Circo.

Num comunicado deixado nas redes sociais, e que se tornou rapidamente notícia em todos os jornais, o staff do estabelecimento convidou a cidade a “juntar-se a nós, vestindo-se de branco e trazendo consigo uma flor”. A instituição encerrou durante a quinta-feira e a CTB (Companhia de Teatro de Braga) cancelou o espetáculo previsto para as 21h30. Acenderam-se velas e reuniram flores, com o pesar de quem perdeu inesperadamente uma amiga que lembram como “extraordinária e sempre de sorriso aberto”.

Pode ler-se, ainda, a revolta e o luto de toda a equipa, salientando a intolerância urgente a este tipo de violência. “A Gabriela foi vítima de violência doméstica e o Theatro Circo, que conta na sua equipa com 17 mulheres, que todos os dias fazem deste espaço um lugar de fruição de arte, de cultura, de harmonia, não pode deixar de repudiar profundamente este ato de violência que tirou a vida a uma das melhores pessoas que contribuía diariamente para esta casa. A Gabriela deixou dois filhos, a quem dirigimos os nossos sentimentos e enviamos votos de coragem neste momento difícil.”