Em 1998 chegou aos cinemas portugueses um dos filmes mais brilhantes e com maior caráter introspetivo que se fizeram até hoje. Vencedor do Globo de Ouro e do Óscar para “Melhor Argumento” em 1998, O Bom Rebelde apresenta-nos Will Hunting (Matt Damon), o típico rapaz rebelde e duro, mas brilhante e vulnerável.
Will é um génio matemático, mas não lhe interessam as questões académicas. Até que é descoberto por um professor e uns problemas com a lei acabam por fazê-lo debater e partilhar as suas ideias e capacidades. Mas, mais importante, acaba por ter o acompanhamento do psicólogo Sean Maguire (Robin Williams), um homem com uma vida marcada pelo sofrimento.
Diferentes mas, de certo modo, muito iguais, o psicólogo e o jovem encontram o caminho para se reconciliarem com o passado. Ao mesmo tempo, o protagonista apaixona-se por Sylar (Minnie Driver), e a sua relação com os amigos, que seguiam a sua inicial filosofia de vida na rua, transforma-se.
Cheio de grandes ideias, o argumento de O Bom Rebelde prende o espectador desde o início e, acima de tudo, toca e não deixa ninguém indiferente. Fala-nos de amizade e sobre como uma pessoa pode salvar outra, ou como uma palavra ou conversa pode ser inspiradora e confortante.
É de destacar o crescimento de Will: a sua inicial agressividade demonstra ser apenas uma resposta ao medo que tem em admitir a sua genialidade e, por isso, limita-se. O trabalho é a prova em formato cinematográfico de que a resposta para uma vida plena não está nos livros, mas no dia-a-dia, na convivência, nas relações humanas. Mostra ainda que o sucesso não é, necessariamente, conquistado através de um diploma.
É surpreendente um argumento tão coeso, apelativo e impactante ter sido produto de dois jovens atores (na altura), a quem não seria pedido um tão alto nível de maturidade. Mas a verdade é que o conseguiram, e de que maneira. De facto, foi quando escreveram e interpretaram este filme, que as carreiras de Matt Damon e Ben Affleck começaram a ter sucesso.
A performance de ambos os atores é inquestionável. Damon é grandioso e Affleck igualmente forte, e não seria de esperar menos, dada a genialidade de O Bom Rebelde. Já é bastante aliciante ver ambos os nomes ligados num só filme, porém, o segredo reside em Robin Williams, que desempenha um dos papéis mais sinceros alguma vez vistos. A sua prestação é de aplaudir e o Óscar de “Melhor Ator Secundário” foi inteiramente, e sem dúvida alguma, merecido.
Gus Van Sant é, definitivamente, um grande diretor e conseguiu, com um êxito tremendo, transmitir a excelente ideia dos protagonistas. É de destacar também a trilha sonora, que é crucial no envolvimento do espectador com a história.
O Bom Rebelde é, então, um filme que transborda emoções, é uma lição. Matt Damon e Ben Affleck presentearam-nos com uma experiência que pode atiçar de leve a vida, dada a qualidade dos discursos tão marcantes e intensos.
Título Original: Good Will Hunting
Realização: Gus Van Sant
Argumento: Matt Damon, Ben Affleck
Elenco: Matt Damon, Robin Williams, Ben Affleck
EUA
1997