A concentração contra a violência doméstica tinha como objetivo alertar para esta problemática e divulgar uma petição que vai ser apresentada na Assembleia da República.
Dezenas de pessoas juntaram-se, este domingo, na Praça da República, para alertar para a problemática da violência doméstica em Portugal. A iniciativa parte do grupo “As Mulheres de Braga”, na sequência da morte de Gabriela Monteiro, a última vítima de violência doméstica em Braga. A faixa que seguravam apresentava a mensagem: “Parem de nos matar”.
A organizadora e porta-voz da concentração, Emília Santos, discursou perante o grupo, que repetia frases como “Parem de nos matar” e “Mexeu com uma, mexeu com todas”. Para ilustrar as 24 vítimas, mulheres e homens deitaram-se no chão, sendo que um grupo de mulheres levava pinturas para simular ferimentos e cartazes que incentivavam a denúncia.
O ComUM conversou com uma outra organizadora, Teresa Fernandes, que revelou o desejo de continuarem a dar voz a esta causa. Explica que “esta iniciativa surgiu de um grupo no Facebook que, em três semanas, já contava com 14 mil membros”. Através deste número, Teresa Fernandes percebeu “que as vítimas de violência doméstica não são apenas as que nos apresentam os dados, porque a esmagadora maioria nem chega a apresentar queixa”. Considera, ainda, que “a maioria das mulheres é vítima e não se apercebe disso”.
O ComUM falou também com uma das participantes, que contou já ter sido vítima de violência doméstica. Aponta que “não existe o devido apoio, mas as pessoas também não denunciam por medo”. Para além do tipo de violência física, existe a violência psicológica, “que mata lentamente”.
O principal objetivo desta concentração era dar a conhecer uma petição que será apresentada na Assembleia da República, a 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Na petição, propõe-se a criação de uma disciplina que ensine as crianças a reconhecerem o que é a violência, a criação de gabinetes de apoio às vítimas nos postos de segurança e formação dos agentes. Segundo Teresa Fernandes, “os agentes não estão preparados para receberem e encaminharem as vítimas, até as desencorajam a denunciar e mesmo os júris tendem a culpabilizar a vítima”.
A petição está disponível online e pode ser assinada a partir dos 16 anos.
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