O desrespeito é um tema que já há muitos séculos está presente no mundo. Nas últimas décadas, estas situações pareciam estar a desaparecer, até mesmo pela ajuda que o futebol estava a dar. No entanto, nas últimas semanas, parece que os slogans #NoToRacism e #Respect estão a ser cada vez mais ignorados.

Créditos: Carl Recine / Reuters Action

Para já vamos olhar para Portugal. A 9.ª Secção de Juízes do Tribunal da Relação de Lisboa emitiu, em setembro, um acórdão onde se lê, por outras palavras, que, excecionalmente no futebol, são toleradas ofensas. “Esse tipo de comportamento, socialmente desconsiderado, é também ele, de alguma forma, tolerado nos bastidores da cena futebolística”.

Ou seja, no sítio que deveria ser uma referência para os jovens, onde a mensagem que se passa é a do respeito, é ainda permitido criticar e ofender os outros. Ainda a semana passada, por exemplo, foi denunciado um caso de racismo em solo português por uma atleta do SC Braga.

Após um jogo de futebol feminino entre o Cadima e o SC Braga, Shade Pratt disse ter sido vítima de insultos racistas vindos de uma adepta adversária. A jogadora norte-americana fez uma publicação a mostrar o seu desagrado com a cultura de desrespeito que ainda está presente e a relatar que, no final do jogo, ainda tentou ir falar com a adepta, mas que esta se escondeu no meio da multidão.

A nível internacional, este assunto ganhou maior destaque desde a última paragem para os jogos das seleções. No jogo entre Turquia e França, que terminou empatado a uma bola, os atletas turcos festejaram o golo com uma saudação militar. Este gesto, segundo se tem falado, terá sido uma forma de mostrar o apoio à invasão que Erdogan, presidente da Turquia, ordenou ao norte da Síria.

Mas o maior destaque de desrespeito no futebol ocorreu no encontro entre Bulgária e Inglaterra. Segundo um repórter da Sky Sports que estava no local, “mal qualquer jogador negro de Inglaterra tocava na bola, surgiam insultos, cânticos sobre macacos e saudações nazis”. Os atletas ingleses responderam da melhor maneira, ou seja, dentro de campo. A equipa búlgara perdeu por seis golos sem resposta.

Todos estes acontecimentos levam-nos a pensar que a cultura xenófoba ainda está enraizada em muita gente e que está a ser cada vez mais transportada para o futebol. O desporto que apaixona milhões está a ser usado como arma de ataque à política e como montra de ideais extremistas. É, portanto, necessário tomar medidas para combater isto e tornar o futebol num simples e emocionante jogo para miúdos e graúdos.