Outubro trouxe o filme mais esperado do ano, Joker. O mundo de Arthur Fleck é projetado para os ecrãs gigantes dos cinemas, e nem as cadeiras acolchoadas tornam o filme confortável para o espetador. Gotham City não trouxe Batman, mas focou-se no rival e na sua vida cheia de falhanços e incertezas.

As doenças do foro psicológico acompanham a trama do início ao fim. Psicólogos e pessoas que rodeiam doentes mentais são criticadas e culpadas constantemente. O mundo que rodeia o palhaço que sonha vir a ser comediante é rodeado por um ambiente tóxico e pouco saudável.

Joker

No início, o lado mais belo de Arthur é-nos apresentado. Brinca com bebés, tenta ajudar pessoas em situações piores que a sua e ainda auxilia a sua progenitora, também frágil em termos neurológicos. No entanto, um objeto mudou a vida do protagonista.

O rumo da história sofre, então, um enorme revés. O desconforto do sorriso inconveniente aumenta e o burburinho das conversas paralelas funde-se com as mortes. E aí sim, começamos a entrar no mundo do vilão com a cara pintada de palhaço, num terror que se mistura com as gargalhadas e a emoção da audiência.

Joaquin Phoenix não precisava deste papel para se apresentar ao público. Mas, sem dúvida alguma, vai ser um dos maiores momentos de glória da sua carreira. Conquistar os fãs de um legado com algumas décadas não é fácil, mas a sua entrega à loucura é inegável.

Joker

Outro elemento icónico no filme é a banda sonora. Ao longo de duas horas, as músicas felizes como o Jazz e os Blues contrastam com os pensamentos e ações maléficas. Damos por nós a festejar e a rir nas suas danças triunfais, mesmo após vermos sangue e assassinatos.

A fluidez entre cenas e atos é de excelente qualidade. Cria-se em nós a sensação de vazio quando percebemos que se trata de um simples episódio da loucura de Joker, nunca sabendo a real veracidade até algo em contrário. Aí percebi o entusiasmo geral e os recordes batidos na bilheteira na estreia.

O filme termina e a sensação é de um verdadeiro murro no estômago. Em mil pessoas, todas elas vão ter diferentes fases que as tocaram mais, mas o sentimento geral é de que as pessoas boas não têm o reconhecimento devido. Por outro lado, só dão tempo de antena a quem foge da norma. Quando as luzes da sala se ligam, é bom saber que as expectativas que tinha acerca de Joker foram superadas.