Midsommar – O Ritual, de Ari Aster, estreou nos cinemas portugueses a 26 de setembro. O filme decorre, quase na sua totalidade, sob o sol caloroso do verão sueco. Esta é certamente uma obra que pretende, e consegue, deixar o espectador desconfortável e inseguro, com receio do que vem a seguir.

Um grupo de amigos decide passar o seu último estio na Suécia, com o objetivo de participar num festival que celebra o solstício de verão. Este tem lugar numa pequena e isolada comunidade. Ao longo do tempo, os jovens começam a reparar em pequenos acontecimentos duvidosos, até que a aldeia acaba por se revelar uma seita pagã.

Midsommar - O Ritual

Todo o lado visual leva o público a entrar um espaço mental de tranquilidade. Desde a luz aos planos de paisagens magníficas, desde o vestuário ao cenário. No entanto, a discrepância propositada que existe entre estes aspetos, e outros, como a banda sonora, o diálogo e toda a dinâmica social existente, tiram o espectador desse esperado espaço psicológico. Deixam-no, então, num estado quase de alerta.

O sentimento de incerteza é introduzido quase imediatamente e guia-nos pelo filme. Parece que o próprio desconhecido que paira em todas as cenas é, de facto, uma personagem.

Por falar em personagens, é de salientar que todas têm uma personalidade muito bem definida. Dani (Florence Pugh) é uma jovem universitária muito sofrida e emocionalmente dependente do namorado. Christian (Jack Reynor), namorado de Dani, é semelhante à rapariga: universitário e extremamente desmotivado, pois não consegue encontrar o seu caminho.

Midsommar - O Ritual

Entre um elenco tão talentoso quanto o referido, a performance de Florence Pugh sobressai. Enquanto Dani, Pugh é capaz de transmitir a dor, o pânico e a desconfiança com extrema habilidade.

Os companheiros de viagem da protagonista são: Josh (William Jackson Harper), Mark (Will Poulter) e Pelle (Vilhelm Blomgren). O último é, de certa forma, a origem da ação e também quem guia as restantes personagens pelo ambiente desconhecido, quase como o sentimento de incerteza nos guia a nós.

Midsommar- O Ritual é, então, um excelente trabalho que quebra a norma dos filmes assustadores da noite, escuros, no meio de uma floresta, ou numa casa assombrada. O ótimo enredo, tecido por Ari Aster, prova que o medo pode estar num prado com flores, numa aldeia aparentemente pacífica. Ao ver o filme e, consequentemente, ao absorver todos os detalhes, ficamos com a certeza de que, realmente, “O Mal Não Espera a Noite”.