A cerimónia do 19º aniversário da EMUM contou com a condecoração de Cecília Leal, assim como, uma cerimónia dedicada aos finalistas.

A Escola de Medicina da Universidade do Minho (EMUM) celebrou, esta terça-feira, o seu 19º aniversário. O evento serviu de palco para homenagear professores e alunos. Os alunos já graduados foram congratulados, sem nunca esquecer, como relembrou uma aluna, que agora os médicos “têm um longo caminho pela frente”.

O presidente do Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho (NEMUM), José Filipe Costa, relembrou que os estudantes “entraram na universidade de mãos vazias” e que, neste patamar a que chegaram, “já estão crescidos e que agora cabe-os de salvar vidas”. Marina Gonçalves, presidente da Alumni de Medicina, admite que estes “ex-alunos, agora médicos”, não foram apenas formados pela Universidade do Minho para praticarem esta profissão, mas também para serem pessoas que fazem a diferença.

Na celebração esteve, também, presente a professora Cecília Leal, fundadora e antiga presidente da instituição. Partilhou momentos da sua história na “esperança de ajudar os recém-graduados a descobrir e redescobrir o valor do trabalho”. Mencionou, ainda, os primeiros passos que deu na academia minhota, onde “tinha pouco mais do que uma cozinha que servia de laboratório”; o seu momento de graduação; as dificuldades que surgiram para ser aprovada e criada “a partir do zero” a Escola de Medicina.

Deste modo, a universidade, reconhecendo também o seu valor, condecorou Cecília Leal com um retrato seu, que estará exposto na Galeria de Presidentes da Escola de Medicina. “É nesta escola que nós aprendemos a construir a nossa felicidade”, partilha.

O professor Nuno Sousa, da Escola de Medicina, recordou que a escola quer inovar, mas muitas vezes está impedida pelo sistema. “A característica desta escola médica é que mudamos. E mudamos porque, se ficarmos na mesma, ficamos para trás”. Sublinhou, no entanto, que por vezes a necessidade de evoluir é suprimida com barreiras políticas e económicas, e impedida pelos líderes.

Nuno Sousa abordou as falhas sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS), criticando o governo, as suas decisões e as formas de como atuam e pensam. Apontou, ainda, o facto de como 40% dos estudantes de medicina não vão ter espaço para fazer internato médico, dizendo que, com estes cortes, “o país está a dispensar um terço de inteligência” e que, com isto, “a nossa presidência é cega”. “A missão de uma Escola Médica é servir as pessoas mas, com os nossos líderes, devíamos ser nós a liderar, porque o futuro é melhor quando o futuro depende de nós”, afirmou.

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, desafiou os mestres e doutores a não abandonarem a investigação e a publicação de trabalhos, mesmo que hoje em dia vivamos num sistema que nos obriga a focar essencialmente nas horas de serviço. Reconheceu que o que torna a EMUM única é “o ensino de comunicação e humanização” e que “esta cerimónia deveria chegar a todo o lado”.

A celebração terminou com as palavras do reitor Rui Vieira de Castro, que destacou como a constituição da Escola de Medicina foi um projeto desafiante, visto que queriam construir um “projeto diferente, de qualidade e significativo para o país”. Declarou, também, que “não foi fácil o caminho percorrido”, mas que “chegar aqui prova a qualidade das pessoas” que o tornaram possível, o que outrora parecera impossível. Abordou, ainda, que por vezes vê-se desiludido com determinadas injustiças que se “impõem como barreiras” para a melhoria, pedindo “uma atenção permanente perante os constrangimentos com que nos debatemos”.