Investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa identificaram dez freguesias portuguesas onde mais se constata pobreza energética.

Os investigadores do Cense (Center for Environmental and Sustainability Research), João Pedro Gouveia, Pedro Palma e Sofia Simões, constituíram um método capaz de mapear as freguesias de Portugal e assinalar aquelas que apresentam mais problemas ao nível da regulação da temperatura. Atuaram em mais de três mil freguesias e uma das dez mais afetadas é Vale de Bouro.

Aquando as épocas de excessivo calor ou frio, as habitações podem ser ou não capazes de regular, de forma eficaz, a temperatura de modo a permitir uma vivência confortável aos seus habitantes. Sendo que, quando alguém não tem possibilidades de iluminar decentemente a sua casa ou para refrescar a sua habitação no verão e aquecê-la no inverno, estes encontram-se numa situação de pobreza energética.

Este projeto tinha como objetivo a recolha de “informação o mais detalhada possível em termos espaciais” e iniciou-se com a avaliação do “papel dos edifícios e o consumo da energia em Portugal”. Com base nesta avaliação, desenvolveu-se “um índice multidimensional, que não existia na Europa” explica ao jornal PÚBLICO, um dos investigadores, João Pedro Gouveia.

Através do trabalho destes investigadores, foi desenvolvido o Índice Regional de Vulnerabilidade à Pobreza Energética (IRVPE). Contempla pormenores como as características e tipologia das habitações, o consumo de energia, indicadores socioeconómicos e as regiões climáticas de Portugal.

Identificaram também Covilhã, Vila Flor, Bragança, Macedo de Cavaleiros e Idanha-a-Nova como freguesias que apresentam problemas ao nível energético nos períodos de maior frio. Enquanto que Pessegueiro (Pampilhosa da Serra), Santa Marinha (Ribeira de Pena), Castelo Branco (Mogadouro) e Baraçal (Celorico da Beira) apresentam nas épocas mais quentes.

Detetaram que 75% das habitações do país são desfavorecidas energeticamente, após a avaliação de 550 mil certificados energéticos emitidos pela Agência para a Energia. Os investigadores constituíram, ainda, um mapeamento energético, que já foi disponibilizado ao Governo para planos ambientais.