O Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) comemorou o Dia Mundial da Alimentação discutindo questões como a sustentabilidade e a saúde e, também, a realidade do Brasil.
O seminário sobre a Alimentação e a Sustentabilidade foi conduzido pelas investigadoras Cynthia Lauderer e Zênia Tavares que revelaram “duas pontas da mesma história”, como referiu um dos membros do público. A sessão contou, ainda, com a professora auxiliar na Universidade do Minho Paula Mascarenhas, na área da Sociologia.
Visões que se complementam e que incitaram à reflexão acerca da visão, na sociedade contemporânea, da alimentação como bem assegurado. “Tratam-se de mercadorias e já não mais de alimentos”, mencionou Cynthia Lauderer para ilustrar o materialismo atribuído aos alimentos. “Os alimentos conhecem, agora, uma dimensão pornográfica” disse a investigadora, reconhecendo que a satisfação imediata da cultura alimentar se vem a sobrepor à sua função nutricional.
Emergiu, em debate, o papel dos media que banalizam a gastronomia, passando esta a ocupar lugares destacados em capas de revistas e em publicações nas redes sociais. Após discussão entre as intervenientes e o público, chegou-se à conclusão que estes meios servem-se da fragilidade humana quando confrontada com a imagem publicitária, para provocar uma alienação no consumidor desmedido.
A fome mundial, as causas e propostas de soluções para a ver minorar foi também alvo de discussão. Fome esta que “nunca foi um produto da superpopulação” declarou Zênia Tavares, adiantando que “unicamente era tabu falar de fome”. Ainda neste parâmetro, a doutoranda em Sociologia apontou criticamente o facto de a sociedade e os media darem mais destaque à chamada “fome conjuntural”, que atinge dimensões mais dramáticas, decorrente de catástrofes naturais ou antrópicas.
“Estamos a colocar de parte a fome estrutural”, afirmou a investigadora, acrescentando que esta é, das duas, a dimensão que afeta mais civis sob a forma de doenças psíquicas e físicas. Estas derivam, na maioria dos casos, de uma pobreza permanente instaurada, mas silenciada.