À Espera no Centeio, publicado a 16 de Julho de 1951, é o primeiro romance de J. D. Salinger. A obra conta a história de Holden Caulfield e um fim-de-semana na vida deste adolescente nostálgico.
Já todos esperamos no centeio por algo que não aconteceu e já todos nos questionamos para onde vão os patos quando o lago congela no inverno. É nisto que resumimos a adolescência: uma saudade estranha que não sabemos explicar e um conjunto de perguntas, um quanto melancólicas, para as quais não encontramos repostas. Salinger criou alguém para esses anos estranhos.
Holden tem 15 anos e é estudante de um conhecido internato para rapazes, o Colégio Pencey, do qual é expulso devido ao insucesso escolar. Com o seu adorado chapéu de caçador vermelho decide, no regresso para casa, fazer um périplo, adiando o confronto com a família.
O protagonista recorda constantemente o passado com nostalgia e tenta procurar respostas para o futuro. Antes de se encontrar com os pais, procura algumas pessoas importantes, como um ex-professor, uma antiga namorada e a irmã. Tenta, ao longo dos diálogos com eles, explicar-lhes a sua visão do mundo.
Enquanto visita Phoebe, a irmã mais nova e única pessoa com a qual o rapaz parecer ser capaz de se comunicar, partilha com ela uma imagem que lhe ocorre muitas vezes. Vê-se como o guardião de inúmeras crianças que correm e brincam num campo de centeio, na beira de um precipício. O trabalho dele é não deixar as crianças chegar muito perto da beira, e assim, sente-se como um “apanhador no campo de centeio”. Holden acredita que isso significa salvar as crianças contra a perda da inocência.
As palavras deHoldenCaulfield, visto que o livro é escrito na primeira pessoa, resumem muito bem a sensação que sentimos ao ler este romance. O personagem afirma que “o que realmente me enche as medidas é um livro que, depois de acabarmos de o ler, nos faça desejar que o autor que o escreveu fosse um grande amigo nosso e pudéssemos telefonar-lhe sempre que nos desse para aí.”
À Espera no Centeio tem uma certa peculiaridade, uma vez que não corresponde à estrutura comum de um livro de aventuras ou de um romance. Trata-se somente de um adolescente que, num fim de semana, vagueia pelas ruas de Nova Iorque, sem rumo, e que partilha os seus pensamentos sobre isto ou aquilo.
O autor recorre constantemente a metáforas, pelo que, neste livro, o sub-texto é muito mais importante do que a história em si. Isto, claro está, provoca um conjunto de leituras diferentes sobre o que realmente significam certas passagens e o que realmente o Salinger quis dizer com elas. Este ponto torna a obra, então, muito mais intrigante e desafiante.
Sem norte e cada vez mais perdido numa sociedade consumista e desnorteada pelas coisas fúteis, Holden, num passeio com a irmã, apercebe-se de que não pode ser o “apanhador no campo de centeio”, pois, na verdade, ele é que precisa de procurar ajuda. Este é o ponto de viragem para o final da história.
À Espera no Centeio deixa-nos um conselho: “nunca contem nada a ninguém, se contam acabam por ter saudades de toda a gente”. E esta frase deixa-nos intrigados com toda a narrativa do próprio livro, mas os bons livros têm disto: fazem-nos pensar.
Título Original: The Catcher in the Rye
Autor: J. D. Salinger
Editora: Little, Brown and Company
Géneros: Romance, Ficção Realista, Ficção Jovem
Data de Lançamento: 16 de julho de 1951