Os alunos defendem a importância da existência de um bom horário para que todos os alunos possam participar nas RGAs.
Luís Filipe Cruz e Ana Aradas são os candidatos a presidente e vice-presidente pela lista E à mesa da Reunião Geral de Alunos da Universidade do Minho. Em entrevista ao ComUM, os candidatos da lista E para a mesa da RGA querem fazer “mudanças reais nas condições dos estudantes.” “Enfoque nos Estudantes” é o slogan da lista, que ressalta que os alunos da Universidade do Minho “querem saber e devem saber, porque o garante da democracia não é só votar de ano a ano.”.
ComUM: Quais foram as razões que o levaram a candidatar-se ao cargo de presidente da mesa da Reunião Geral de Alunos da AAUM?
Luís Filipe Cruz: Uma das razões principais é o facto de o horário impossibilitar que muitos alunos faltem às aulas para irem às RGAs porque, apesar das faltas serem justificadas, não é o suficiente, pois há aulas a que simplesmente temos que ir, se queremos passar e ter uma boa nota. Outra razão é o funcionamento em si das Reuniões Gerais de Alunos que, a nosso ver, não funcionam como deviam e não são aproveitadas como deviam também.
ComUM: Quais são as principais propostas da lista E? Se a lista for eleita, quais são as mudanças que desejam implementar?
Ana Aradas: Outra medida é o horário, pois sabemos que é algo muito importante. Não cabe na cabeça de ninguém marcar uma RGA para as duas ou quatro da tarde, quando a probabilidade de os alunos, que até estariam interessados em participar, terem aulas é grandíssima. Há ainda outra realidade de alunos que, por exemplo, tal como no meu caso, viverem numa residência e, quanto mais tarde fica, mais complicado fica em termos de transportes para esses mesmo alunos voltarem para a residência. Eles também são nossos alunos, também são alunos desta academia, por isso também temos que pensar nessa realidade. Por isso, o horário é algo extremamente importante, porque se queremos que a maior parte dos alunos faça parte da RGA e devem fazer, porque é o órgão deliberativo mais importante da nossa academia, então temos que ver essa questão.
Outra questão também bastante importante, que também ajudaria os alunos a participarem nas RGAs, é a divulgação da mesma porque, se eu quero participar em algo, eu tenho que saber quando é que acontece, a que horas e onde. E não cabe na cabeça de ninguém marcar uma reunião que, supostamente, tem que ser algo importante e não divulgarem a mesma. Algo que também nos preocupa, na última RGA que fomos, percebemos que, supostamente, a RGA tem que ser um lugar de debate para os alunos, mas não é. É uma mera apresentação de PowerPoint, e é algo extremamente desinteressante porque, como eu já mencionei, a RGA é o orgão deliberativo mais importante e deve ser um espaço de debate, onde os alunos que participam se sentem confortáveis em debater. Tem que ser um espaço onde estamos a informar os alunos do que está a acontecer.
ComUM: E já pensaram em algum horário que seja bom para a maioria dos alunos?
Luís Filipe Cruz: Nós estamos a pensar por volta das seis da tarde, mas também se virmos que, questionando os alunos, é um horário impossível para eles, nós vamos tentar reunir o máximo de opiniões de quando as pessoas podem, para ver realmente quando é o melhor horário para toda a gente.
ComUM: “Enfoque nos estudantes” é a máxima da lista. Porquê? Acha que os estudantes devem ser mais valorizados e ouvidos?
Luís Filipe Cruz: Sim, especialmente, como a nossa candidatura é para as mesas da RGA, tal como a Ana falou, o que temos atualmente nas mesas é uma sessão de apresentação de PowerPoint e perguntas e respostas, que não dá para os alunos fazerem um debate real. Numa das mais recentes RGA, houve uma altura em que se tentou inserir um debate por parte de um aluno em que, julgo eu, a presidente da mesa disse que aquilo não era uma pergunta, por isso não era válido.
ComUM: Como é que pretendem alterar o funcionamento das Reuniões Gerais de Alunos e dar oportunidade a todos os alunos para se expressarem?
Luís Filipe Cruz: As RGA são um órgão de debate onde os alunos podem introduzir o debate por eles, mas nós também temos uma medida que refere que as mesas deviam ter um papel mais proativo e que nós também devíamos introduzir temas que sejam relativos a preocupações dos estudantes. Como, por exemplo, a questão do alojamento, para tentarmos fazer mudanças reais nas condições dos estudantes.
ComUM: Como é que seria possível atrair mais pessoas para as Reuniões Gerais de Alunos, principalmente os novos alunos que ainda não conhecem o funcionamento das RGA?
Ana Aradas: Eu penso que divulgação e horário são exatamente os tópicos onde precisamos de tocar, porque a noção de que os alunos não querem saber e não participam é uma noção errada e uma noção que temos de destruir. Os alunos querem saber e os alunos devem saber, porque o garante da democracia não é só votar de ano a ano numa Associação Académica, mas é participar. Os alunos universitários querem participar, mas por muitas vezes devido ao horário ou a outras razões não o podem fazer, então achamos que divulgação e horário são os pontos essenciais para que possamos criar todas as condições para que a maioria dos alunos consiga participar.
ComUM: Sabendo que há concorrência, que diferenças há entre as duas listas?
Luís Filipe Cruz: A diferença é que somos nós a única lista que está a introduzir estes temas de uma maior mudança, porque tem sido sempre a mesma lista e têm cometido sempre estes erros que levaram à apresentação da nossa candidatura. O nosso desejo não é uma mudança super radical, mas pôr as RGA a funcionar como deve ser, a funcionar melhor para os estudantes porque é para eles mesmos.
ComUM: Sendo que a taxa de abstenção nas eleições para a AAUM é sempre muito elevada, acha que este ano pode ser exceção? O que acha que pode levar as pessoas às mesas de voto?
Ana Aradas: Eu penso que muitos alunos não votam porque não se sentem representados pelas listas que estão a concorrer. Como o Luís mencionou, esta lista está ao tempo que está porque tem feito o trabalho que tem feito, ou melhor, que não tem feito. Eu acho que a maneira como nós estamos a gerir as nossas campanhas, tanto às RGA como ao Conselho Fiscal, acho que estamos a falar de questões que realmente preocupam os alunos porque nós ouvimos os alunos e nós somos alunos com várias experiências e estamos também a pôr essas experiências na mesa para aprendermos uns com os outros e para realmente percebermos o que é que interessa aos alunos. Não estamos a fazer só uma campanha de fachada para receber os votos e depois chegar ao cargo e dizer que não vamos fazer nada. Nós realmente queremos lutar pelos alunos e é por isso que nos candidatamos, porque os alunos não se estão a sentir representados e nós estamos aqui para os representar.
Luís Filipe Cruz: O nosso objetivo é mesmo, com a nossa campanha, trazer mais alunos a votar para nós tentarmos mudar as coisas e dar-vos o direito de voto que sempre tiveram desde que cá entraram.
Sofia Carneiro e Mariana Areal