Nascido em Lisboa no ano de 1919, Jorge de Sena completaria este sábado, dia 2 de Novembro, 100 anos. Atualmente, é considerado uma figura de relevo no panorama literário português, mas nem sempre foi assim.

Oriundo de uma família burguesa, ingressou na Escola Naval onde pretendia realizar formação para, mais tarde, se tornar oficial da marinha. Contudo, a crescente exigência do curso e os contratempos ocorridos durante a realização da formação acabaram por culminar na expulsão do jovem Jorge.

Jorge de Sena

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Mais tarde, decidiu licenciar-se em Engenharia Civil pela Universidade do Porto, profissão que exerceu durante 14 anos. Esta formação prévia iria causar-lhe algum preconceito na sua criação literária.

Em março de 1959 participou numa tentativa de golpe de estado falhada e acabou por ver-se confinado ao exílio no Brasil. No país sul-americano reencontrou, finalmente, a sua vocação na área da literatura. Foi também aqui que o escritor teve oportunidade de expandir a sua produção escrita, motivado pela existência de liberdade e democracia. Passou ainda a exercer cargos como docente de literatura e completou um doutoramento em Letras, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, em São Paulo.

Desta experiência de exílio surgiram importantes obras do autor. Dentro das últimas, podemos destacar: Metamorfoses (1963), Arte de Música (1968), e ainda o romance Sinais de Fogo, que apenas foi publicado postumamente em 1979.

Jorge de Sena

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Em 1965 surgiu a oportunidade de uma mudança para os Estados Unidos da América. Recém-chegado ao continente norte-americano, Jorge de Sena desempenhou vários cargos como docente universitário. Posteriormente, lecionou Literatura Comparada na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara.

As frequentes mudanças e o permanente afastamento de casa criaram no poeta sentimentos de saudade e mágoa que se transpuseram para a sua escrita. Em 1980, foi inaugurado o Jorge de Sena Center for Portuguese Studies, na Universidade de Califórnia, em Santa Barbara.

Jorge de Sena acabou por falecer a 4 de junho de 1978, na Califórnia, vítima de cancro. Apesar de nem sempre ter sido alvo de reconhecimento em vida, foi, sem dúvida, um contributo fundamental para o enriquecimento da literatura portuguesa.